O ‘SPEAK NO EVIL‘ dinamarquês de 2022 não foi interessante e convincente em seu lançamento. Todo ano lança um filme de terror em algum festival da vida que supostamente choca o público e o marketing se aproveita para dizer que “esse filme fez as pessoas passarem mal durante a sessão” ou “é o filme mais perturbador do ano ou dos últimos tempos”.
Agora assistindo original antes do remake percebe-se que realmente o filme não é a obra-prima que cantaram na época de seu lançamento, mas há um desenvolvimento bem satisfatório de sua temática através do horror.
O filme é quase uma fábula sobre os perigos do excesso de passividade para agradar os demais a sua volta sem pensar na sua autopreservação física e mental. E isso é bem construído no original através das situações de constrangimento criadas e conduzidas pelo filme. E isso tudo fez com que eu entrasse com uma pulga atrás da orelha com um remake feito por Hollywood de um filme estrangeiro tão recente que é bom. E a resposta para essa minha desconfiança não podia ser a mais óbvia possível.
‘NÃO FALE O MAL‘ é aquele típico remake de um filme estrangeiro com uma história interessante, mas que não é tão palatável para uma lógica mercadológica principalmente em sua condução e em seu final. Nesse remake você tem quase que ⅔ do filme uma cópia de situações e acontecimentos do original só que sem a mesma inspiração na encenação, decupagem e fotografia. Tudo parece muito mais genérico e apressado sem causar o mesmo impacto de tensão crescente. Aqui parece que o filme já começa bem ansioso para revelar o seu plot que conseguimos antecipar os acontecimentos do final desde o princípio.
Mas diferente do original que isso era mais nivelado principalmente com a sutileza da encenação, no remake, a mesma é tão óbvia e escancarada para entregar uma psicopatia do personagem do James McAvoy que somos colocados em banho maria durante esses ⅔ de filme até que ele finalmente suma um lado mais frontal no terceiro ato.
Já nos seus ⅓ finais, o filme resolve se distanciar bem do original, de uma maneira bem clichê, mas que não necessariamente seria ruim. Porém, infelizmente todos os problemas da decupagem sem inspiração alguma tiram toda a graça e tensão que poderia ter nesse final. Mas um ponto a se valorizar aqui é que, como o filme assume um lado mais direto e brutal em seu final, os atores têm mais espaço para brilharem, principalmente os vilões.
Um destaque especial para o McAvoy que pode finalmente se soltar com gosto nesse final criando o pouco de tensão presente na obra e para Mackenzie Davis com sua personagem inteligente que consegue lidar bem com as situações de perigo criadas pelo filme, o que é bem raro no gênero.
‘Não Fale o Mal‘ é um remake que copia quase tudo do original sem o mesmo impacto e quando resolve se distanciar faz isso da maneira mais genérica possível. Pelo menos ainda conta com uma história bem creepy e boas atuações no final.
NOTA FINAL
2/5
★ ★
Autor: Januí Oliveira