A Origem do Shazam
O herói conhecido hoje como Shazam possui uma das histórias mais ricas e complexas dos quadrinhos, marcado por mudanças de nome, batalhas judiciais e uma notável evolução de coadjuvante a protagonista. Sua trajetória é um fascinante espelho da própria história da indústria dos quadrinhos, repleta de reviravoltas e momentos icônicos.
A origem de Shazam remonta a 1940, quando foi criado por Bill Parker e C.C. Beck para a editora Fawcett Comics, aparecendo pela primeira vez na revista “Whiz Comics” número 2. Curiosamente, a palavra “Marvel” em seu nome original, Capitão Marvel, significava “maravilha” ou “maravilhoso”, e a Marvel Comics, como a conhecemos hoje, sequer existia à época. A criação do Capitão Marvel surgiu em um período pós-1938, impulsionado pelo sucesso estrondoso de personagens como Superman e Batman, criados pela Detective Comics (futuramente DC).
A narrativa original do herói apresentava Billy Batson, um jovem órfão e bondoso que vendia jornais em uma estação de metrô. Ele foi guiado por um homem misterioso a um trem colorido que o levou à Pedra da Eternidade, no centro do universo. Lá, Billy encontrou um velho barbudo de roupas brancas, o mago Shazam, que mantinha os Sete Pecados Capitais aprisionados. Com três mil anos de idade e buscando um substituto digno, o mago observou a honestidade e bondade de Billy, escolhendo-o para herdar seus poderes. Ao pronunciar o nome “Shazam”, Billy se transformava no Capitão Marvel, o mortal mais poderoso da Terra, escolhido para ser o campeão da humanidade. O nome “Shazam” é, na verdade, um anagrama das iniciais de seres mitológicos que concedem seus poderes: a sabedoria de Salomão, a força de Hércules, a resistência de Atlas, o poder de Zeus, a coragem de Aquiles e a velocidade de Mercúrio.
Com superforça, invulnerabilidade e a capacidade de voar, além de um uniforme colorido com capa e um símbolo no peito, o Capitão Marvel era notavelmente similar ao Superman, criado apenas dois anos antes. Essa semelhança não passou despercebida pela DC, que, vendo o sucesso do personagem da Fawcett, decidiu processá-la por plágio, alegando que o Capitão Marvel era uma cópia descarada do Superman. O processo se arrastou por 12 anos e, em 1953, com a Fawcett Comics sofrendo com baixas vendas, o título foi encerrado.
Duas décadas mais tarde, em 1973, a DC adquiriu a Fawcett e todas as suas publicações, integrando-as às suas próprias histórias como parte do multiverso, na Terra-S. No entanto, um novo problema surgiu nesse ínterim: a editora Timely Comics havia mudado seu nome para Marvel Comics e, aproveitando o vácuo deixado pelo personagem da Fawcett, criou seu próprio Capitão Marvel e registrou o título. Dessa forma, quando a DC quis relançar as revistas do Capitão Marvel, ela não podia usar o nome no título, levando ao surgimento da revista “Shazam!”. Com o tempo, a história do personagem foi desenvolvida, apresentando vilões icônicos como o Dr. Silvana e o Adão Negro, o antigo campeão do mago Shazam que se tornou maligno.
Em 1985, o evento “Crise nas Infinitas Terras” fundiu o multiverso da DC, integrando oficialmente o Capitão Marvel e os personagens da Fawcett à nova Terra, onde passaram a conviver com heróis como Batman e Superman. As histórias contavam que os pais de Billy Batson eram arqueólogos assassinados por Theo Adam (que se tornaria Adão Negro), e Billy, órfão, foi expulso por um tio interesseiro, o que o levou a iniciar sua jornada sozinho. A confusão entre o Capitão Marvel da DC e o da Marvel persistiu até 2011, quando, com o Flashpoint e o relançamento “Os Novos 52”, a editora decidiu oficialmente chamar o personagem apenas de Shazam, encerrando de vez os problemas de nomenclatura.
Apesar de suas semelhanças com o Superman, especialmente em termos de poder, Shazam tem uma vantagem crucial: seus poderes vêm da magia, e o Superman é vulnerável a ela. Essa diferença gerou muitos combates icônicos e debates entre os fãs sobre quem sairia vencedor.
Desde o início de suas publicações, o Capitão Marvel expandiu sua família de heróis. Ele concedeu parte de seus poderes a sua irmã, Mary Batson, que se tornava Mary Marvel, e ao jovem Freddy Freeman, que virava Capitão Marvel Júnior. Havia também o Tio Marvel (Dudley), que, apesar de não ter poderes, era parte da equipe, e até mesmo um tigre falante chamado Seu Malhado, formando a “Família Marvel”. Após os “Novos 52”, o sobrenome de Billy e de sua família passou a ser Shazam, e a “Família Shazam” ganhou novos integrantes. A origem foi retrabalada com mais detalhes, e uma mudança significativa foi que, nos “Novos 52”, Billy mantém sua mente ao se transformar em Shazam, enquanto antes era basicamente uma pessoa diferente. Essa fase foi a inspiração para o filme do herói.
Shazam teve aparições notáveis em quadrinhos como “Reino do Amanhã” e “O Poder da Esperança”. Ele também marcou presença em diversas animações, incluindo “Superman/Shazam! O Retorno do Adão Negro”, a série animada “Shazam!” dos anos 80, “Batman: Os Bravos e Destemidos”, e nas animações dos “Novos 52” como “Liga da Justiça: Guerra” e “O Trono de Atlântida”. Nos jogos, apareceu em “Lego Batman 3” e “Injustice: Gods Among Us”. O personagem inclusive foi o primeiro super-herói dos quadrinhos adaptado para os cinemas, em um filme seriado de 12 capítulos chamado “As Aventuras do Capitão Marvel” de 1941. Seu maior destaque, no entanto, veio em 2019, com o filme “Shazam!”, totalmente inspirado na fase de Geoff Johns dos “Novos 52”.
Shazam é um herói que, apesar de ter passado por inúmeras brigas, inclusive judiciais, e ter sido por muito tempo um coadjuvante, vem ganhando cada vez mais destaque. Com um espírito de criança e a pureza de um garoto, ele sempre demonstra que ser um herói vai além de ter superpoderes, focando na bondade e na capacidade de superar adversidades. De fato, o herói, antes conhecido como Capitão Marvel e agora oficialmente como Shazam, é o mortal mais poderoso da Terra.
Fonte de pesquisa: Nerd All Stars
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