Irreverência e escapismo somados ao tempero baiano da atriz e cineasta Helena Ignez e seu cinema tão particular em seu mais poético longa-metragem: ‘A Alegria é a Prova dos Nove’. Vem a ser um retrato manifestatório do onírico: a coisificação dos ideais construtivistas do que é cinema-arte.
Num enredo resultado da união de corpos caricatos da verdade e a teatralidade contemporânea do caos, o filme apresenta uma sátira à toda e qualquer hipocrisia de nosso cotidiano asmático, pós-pandêmico.
Um contramovimento artístico do popular pelas ondas sonoras de uma sociedade movida por seus vis condutores, mascarados que escondem o guinchar de seus desejos tortos. Com atuação de Ney Matogrosso e um grande elenco, é um filme feito para ser atravessado por uma emoção apropinquada pelo humor de cariz social e universalista. É fora da curva óbvia dos ”comerciais de estética propagandista” do atual popular cinema brasileiro.
Conta com cores em tom rosado e púrpura reflexionados pelas luzes da cidade à procura pela mansidão em caminhar na areia rumo à contemplação da calma com a consciência da dor real dos atuais dias na terra. Para os amantes das reflexões profundas e contestadoras da nossa sociedade às políticas, à liberdade dos corpos e à sexualidade.
NOTA FINAL
5
★ ★ ★ ★ ★
Autor: Roberto Carso