CRÍTICA; A FLOR DE BURITI
A Flor Do Buriti, dirigido em conjunto por João Salaviza e Reneé Nader Messora, se vê engajado em discursar uma política de preservação etnográfica de um povo indígena assolado por um massacre na década de 40 : Os Krahô. Povos que representam uma causa indígena fundamental no processo de reparação de suas terras e de lembrança a uma realidade de dominação e colonização desregular.
A obra assume um tom documental frontal na ode discursiva, descrevendo o valor cultural do povo Krahô em fases distintas de realidade política, chegando a conotar a liderança militar que dominava o Brasil nos anos da Ditadura e em como isso afetava os indígenas remanescentes do povo massacrado.
A cultura se materializa muito bem na interação abortiva da obra como um todo, graças a interessante ideia de limiar a verborragia misturando as línguas locais e mantendo uma mediação bela de planos que contemplam a natureza, a fauna e a identidade dos indígenas ocupando seus territórios.
O discurso político, que rapidamente se ocupa da premissa clara de embasar a cultura e a preservação, num relato fragmentário entre os remanescentes de um terra ocupada por estrangeiros, se arma contra a defasagem política, em uma crônica a extrema direita do Brasil.
Dos relatos isolados que formam um todo, o filme chega a completar esse discurso frontal com uma manifestação em Brasília e uma ideia temperada de reaver o direito de pertencimento.
Mas mesmo tentando muito e sendo por muitas vezes um relato interessante e crônico sobre um povo que realmente merece ser reintegrado, pelo que dar ênfase o enredo cultural e visualmente antropológico, o filme acaba dando pouca profundidade a essas demarcações ideológicas quando sai da íntima relação da cenografia com o povo e parte para a discussão extrema de forma própria.
Filtra essa ideia de manifesto com a contemplação, a intimidade e a verborragia dos povos, se efetivando na etnografia auto preservadora, embora busque a todo momento uma reticência política, que infelizmente se reduz a retroação do discurso. Já que a problemática existe, mas a solução e o enfrentamento não é abordado com devida profundidade.
A Flor Do Buriti acaba sendo um discurso fechado na descrição bem feita de um povo, que se filtra, para se chegar num posicionamento político de resguarda que sutilmente decepciona ao ser superficial.
Ainda sim, o filme preserva uma cuidadosa e importante mensagem de resistência, que sobrevive bem na espirituosidade documental que toda a obra procurou captar.
NOTA FINAL
3/5
★ ★ ★
Autor: Flávio Junior
Compartihar:
Publicar comentário