CRÍTICA | ABIGAIL

‘Abigail’ nos leva a crer que será mais um daqueles filmes sangrentos, violentos e que algo possa se resolver no final. Mas a direção de Matt Bettinelli- Olpin nos traz uma grata surpresa. A narrativa humaniza cada personagem com dores, delícias e defeitos, o que os leva ao encontro naquela mesma noite, naquele mesmo lugar. Alisha Weir tem a brilhante doçura que se espera da doce personagem Abigail, uma pobre menina rica que não tem a atenção do pai e deseja “brincar” por pura diversão e tédio. Mas Alisha tem também a magnitude das camadas que exigem a construção tão surpreendente desta personagem. A atriz mirim dá um banho de interpretação, levando-nos a duvidar de nós mesmos, a questionar se devemos ou não confiar na personagem.

O roteiro traz umas boas surpresas: o suspense vive o tempo todo, deixando a plateia tensa e de olhos arregalados; suspense esse quebrado pelo tom cômico de alguns personagens e do próprio texto. O que nos dá um alívio em meio à tensão. Vale ressaltar que esta quebra é extremamente bem orquestrada, longe de ser uma “graça rasa” e pouco importante. Muitas das vezes, esse tom cômico esconde (ou , na verdade, traz à tona) o medo e a fragilidade de certos personagens que, em um primeiro momento, parecem ser os vilões da história, mas no decorrer do filme as posições mudam.

Abigail é um filme que consegue trazer uma reflexão sobre as relações humanas e suas peculiaridades. O que nos traz esperança e um certo conforto no fim da trama é justamente a inteligência emocional de uma das personagens. Elenco muito bem escolhido, fotografia com excelente continuidade, direção de arte detalhista e contrastante nos momentos oportunos. Um terror com várias e necessárias camadas.

Autora: Roberta Chaves

 

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