Animais Perigosos do australiano Sean Byrne (The Devil’s Candy, 2015), com um título tendencioso e à primeira vista do cartaz de divulgação nos dá uma falsa sensação de que é mais um filme de tubarão. Antes de repararmos que a mocinha está pendurada em uma espécie de cabo. Ao assistir o trailer, vemos que o perigo é perpetrado pelo próprio ser humano em filme de serial killer que tem como locação e instrumento de matança o mar e seus tubarões, mas do que vilanizados na história do cinema, desde Spielberg em Tubarão em 1975.
O filme, de flagrante orçamento enxuto, também economizou no roteiro. Trocadilhos à parte, um filme que se passa quase que completamente em alto mar tem uma história bem rasa.
O assassino, Tucker (Jai Courtney, O Exterminador do Futuro: Genesis, 2015) um aficionado por tubarões, beirando o fetichismo, não tem qualquer background de origem ou motivos ele só sequestra pessoas e as dá de alimento para os tubarões enquanto obriga outras vítimas a assistirem aterrorizadas.

Mesmo que o roteiro não tenha nada de mais para com o personagem, seu intérprete faz um trabalho interessante ao dar trejeitos, esquisitices e até mesmo bizarrices ao psicopata, tornando o único personagem realmente interessante do longa. Suas observações sobre pescaria, que se traduzem no tom do filme como ele trata os seres humanos, fica razoavelmente palatável pelo apreço do ator que tentou fazer algo bom.
Basicamente o único ator que se destaca no mais que enxuto elenco é Zephyr (Hassie Harrison, série Yellowstone), é a mocinha do filme que tem a difícil missão de sobreviver ao facínora e aqui mais uma vez não temos nenhuma luz para nos situarmos quanto ao seu jeito de ser meio fora do normal, nenhuma história de origem ou motivos. Ela só é assim e pronto. Sua força de vontade e algumas habilidades estão lá para funcionar nas cenas quando requeridas para servirem aos seus propósitos.
Quanto ao outro mocinho, Moses (Joshua Heuston, Duna: A Profecia), quase não precisava estar no filme. É de uma nulidade quase sem precedentes. Talvez a utilidade do ator no filme seja ficar sem camisa o maior tempo de tela possível para seu corpo bem desenvolvido faça o seu trabalho.
A escolha de não contar praticamente nada e focar nas cenas aterrorizantes pode ter como algo um público menos exigente, de fato o recomendado é deixar o cérebro em ponto morto e só assistir as cenas de terror, que não são nem tão pesadas assim, mas não são de todo ruins.
Os poucos efeitos especiais são minimamente competentes, mas talvez os sommeliers de CGI torçam o nariz. Com o visível orçamento de “dois pastéis e um caldo de cana na feira” não se pagará no cinema, mas matará a curiosidade de uma galera nos streamings, principalmente do público adolescente.
NOTA FINAL
2,5/5
★ ★ ★
Autor: Leonardo Valério
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