CUIDADO: Possíveis Spoilers abaixo.
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Os episódios do Ato 3 de Arcane entregaram exatamente o que esperávamos e mais, culminando em um desfecho arrebatador. O episódio final amarra de forma impressionante os eventos das temporadas anteriores, revelando as consequências das escolhas dos personagens.
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● Crítica | Arcane Segunda Temporada (Parte 2) – Obra-prima se moldando
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No episódio sete, descobrimos o paradeiro de Ekko e Heimerdinger, que foram levados para outra linha temporal, onde criaram uma ferramenta de viagem no tempo. Essa invenção desempenha um papel crucial no episódio final. Paralelamente, vemos Jayce em uma linha temporal sombria, onde Piltover está destruída. Ele testemunha o impacto da tecnologia Hextec e, carregado pela culpa, decide voltar no tempo para evitar a destruição que causou. A jornada de Jayce reflete a luta entre culpa e redenção, mostrando como até boas intenções podem levar à tragédia.
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Durante essa trama, a série nos apresenta perdas significativas, como o sacrifício de Heimerdinger para garantir que Ekko retornasse à linha temporal principal. Jayce também tenta impedir Viktor, antes que ele concretize sua visão de uma era movida pela Hextec.
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No episódio oito, a história de Mel se aprofunda, revelando sua verdadeira identidade. A série conecta eventos passados, como a perda de Isha, enquanto Viktor inicia o projeto que poderá transformar o mundo com a Hextec. Jayce percebe que a “perfeição” idealizada por Viktor trará consequências catastróficas, criando um conflito que moldará o destino de Piltover e Zaun.
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O episódio final é visual e emocionalmente impactante. A guerra entre Ambessa, Viktor e Piltover é intensa, marcada por perdas devastadoras. A transformação de Viktor em uma figura quase divina simboliza os perigos da ambição desenfreada, enquanto Jayce tenta impedir a destruição que ele mesmo ajudou a causar. Ekko, que retorna no momento crucial, se torna o verdadeiro herói inesperado, ajudando a resolver o conflito.
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Outro arco marcante é o de Jinx, que atinge um ápice emocional devastador. Sua cena com Vi e Vander reflete a dor de uma família destruída por escolhas passadas, carregando uma carga simbólica profunda. O relacionamento entre Jinx e Vi exemplifica a complexidade dos laços familiares, mostrando que nem sempre é possível reparar o que foi quebrado. Esse vínculo entre as irmãs se destaca como um dos momentos mais impactantes da série, representando o que Arcane faz de melhor: explorar as complexidades das relações familiares. A série nos lembra que a verdadeira essência da família vai além do sangue, sendo definida pelas escolhas e sacrifícios (ou pela ausência deles).
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A frase final de Caitlyn, “Mesmo quando tudo parece ruir, ainda há algo pelo que vale a pena lutar”, vai além de um simples encerramento. Ela resume o espírito de Arcane: a força para resistir e reconstruir, mesmo em meio ao caos. É uma mensagem universal de esperança, que ecoa especialmente em momentos difíceis. Essa fala demorou 24 horas para ser escrita. Isso já diz tudo sobre a força e necessidade da cena final.
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A conclusão de Arcane pode não agradar a todos. O final, embora grandioso, tem um ritmo apressado em alguns momentos. Perdas e eventos importantes são, as vezes, resolvidos rapidamente, o que transmite a sensação de que a série estava sob pressão para concluir tudo sem explorar mais detalhes. Isso pode incomodar, pois alguns pontos poderiam ter sido mais desenvolvidos. A impressão é que, devido à limitação de tempo, a série teve que acelerar resoluções importantes, mas, apesar disso, os roteiristas fizeram o melhor com o que tinham.
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Embora a série deixe algumas questões em aberto, ela é suficientemente conclusiva, focando em encerrar as histórias principais de maneira satisfatória, mesmo que isso não envolva inclusão de personagens esperados.
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A série se destaca pelos detalhes técnicos, com uma trilha sonora que complementa perfeitamente a cinematografia, criando uma experiência visual e emocional envolvente. As músicas originais se encaixam bem nas cenas, realçando ainda mais os momentos chave. Cada personagem tem seu momento de destaque, com histórias bem entrelaçadas, enquanto as cenas de batalha impressionam e os diálogos intensos mantêm o público atento. O universo de Arcane não só oferece entretenimento, mas também uma narrativa rica, que certamente será lembrada por um bom tempo.
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Era previsível que a série entregasse uma obra grandiosa, mas agora está claro que adaptações de jogos estão ganhando cada vez mais espaço. Esperamos que, ao menos, algumas tragam um pouco da mesma qualidade de Arcane, da Netflix e da Riot Games. Com apelo tanto para os fãs de League of Legends quanto para novos espectadores, a série se firma como uma verdadeira revolução nas animações. O feito de Arcane de ser acessível para quem não conhece o jogo, ao mesmo tempo em que recompensa os fãs, é algo difícil de alcançar, mas é executado com qualidade.
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Após três anos de espera, a segunda temporada de Arcane trouxe o que todos ansiavam, mas temiam: o encerramento da história moldada por esses personagens. O desfecho confirma, sem sombra de dúvida, que Arcane é a melhor adaptação de animação de jogos já feita até hoje e uma das melhores séries de animação da história.
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As duas temporadas de Arcane já estão disponíveis na Netflix.
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Wesley Aguiar
Redator, cinéfilo de bom gosto e muito fã do Dennis Villeuneve. Sou aquele que se encantou assistindo Duna e foi louco o suficiente para platinar Cuphead.