CRÍTICA: MAKE A GIRL
Dentro do meio da animação feita por computação gráfica o nome Gensho Yasuda desponta como uma das grandes promessas para o futuro. Ele ficou conhecido pelos seus curtas, produzidos com ferramentas de animação gratuitas e lançados através das redes sociais, aonde acumula milhões de seguidores.
Yasuda chamou particularmente a atenção em 2020 com seu projeto intitulado “Make Love”. O sucesso foi tanto que esse curta de 2 minutos acabou se tornando o embrião para o seu primeiro longa-metragem, “Make A Girl”, que chega agora no Brasil. Produzido pelo recém-estabelecido estúdio de Yasuda, o projeto e tem o próprio assinando como roteirista, diretor e animador.

A história gira em torno de um cientista prodígio do ensino médio chamado Akira, que se vê estagnado numa pesquisa envolvendo inteligência artificial e singularidade iniciada pela sua falecida mãe. Depois de perceber um aumento no potencial do seu colega de classe Kunihito, após o mesmo ter confessado estar em um relacionamento amoroso, Akira resolve criar uma parceira si. Dessa experiência nasce a inocente Número Zero. Acontece que Akira continua tão focado no legado de sua mãe que acaba negligenciando qualquer possibilidade que o elo com Zero possa oferecer.
A premissa pode ter ecos de “Mulher Nota 100”, mas “Make A Girl” mira, a princípio, em algo mais intimista que qualquer comédia dos anos 80. O conflito que permeia a narrativa é se sentimentos e demonstrações de afeto performados por uma IA podem ser consideradas reais. Chega o momento em que Akira precisa preencher o vocabulário emocional de Zero através de experiências interpessoais, sendo que ele mesmo não parece demonstrar emoções humanas com frequência. Será que isso torna Zero apenas uma extensão de um desejo oculto de se conectar com alguém?

Questões como essa fazem de Akira um personagem um tanto opaco e infelizmente um dos pontos mais fracos do filme. Seu caminho para compreender Zero acaba se tornando bastante confuso com a progressão da trama. Perde-se também uma oportunidade de explorar um possível conflito entre Akira, Zero e Akane, uma colega de classe que claramente nutre sentimentos por Akira. Ao invés disso, o longe investe em plot paralelo de espionagem e roubo de tecnologia que culmina num final um tanto anticlimático, como se esse fosse parte de um rascunho anterior.
Os problemas narrativos são compensados em parte com o esmero visual da produção. “Make a Girl” pode não ter um design de personagens particularmente distintivo, mas termina sendo cativante de qualquer forma. Os movimentos corporais e expressões são integrados de maneira bastante fluida. O estilo consegue juntar o dinamismo do 3D com traços que remetem animação 2D de forma bem natural.
“Make a Girl” toma muitos atalhos narrativos para terminar de forma completamente satisfatória. Seus questionamentos existenciais sobre essa a linha entre humanos e a criação podem ser encontrados de forma melhor desenvolvida em animes como “Neon Genesis Evangelion”. Ainda assim, dentro do contexto autoral em que foi produzido, se torna um esforço admirável da parte de Gensho Yasuda, fazendo desde um promissor capítulo em sua trajetória artística como animador.
NOTA FINAL
3/5
★ ★ ★
Autor: Raphael Aguiar
O longa que é distribuído pela Sato Company e chega aos cinemas brasileiros em 13 de novembro.
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