Um clássico filme brasileiro recheado de comédia e com ótimas atuações, mas que tem uma das melhores tramas dentre os filmes nacionais dos últimos anos. Entre risadas e ótimas sacadas, também existem núcleos fracos e personagens desperdiçados.
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Passagrana conta a história de 4 ladrões de rua (Zoinhu, Linguinha, Mãodelo e Alãodelom) que se cansam do constante perigo de serem pegos pela polícia e decidem fazer um grande golpe para melhorarem suas vidas. Entretanto, mal sabiam eles que acabariam estragando o esquema de Britto, um policial corrupto, que agora persegue os jovens e busca uma quantia.
Esse filme é a prova de que o cenário audiovisual brasileiro atual não é composto somente por comédias focadas em pessoas de baixa renda ou biografias duvidosas de pessoas famosas. Nós conseguimos criar uma trama envolvente e criativa, mas sem perder o “jeitinho brasileiro” que tanto amamos. Porém como nada é perfeito, temos momentos em que, apesar de sabermos das habilidades dos personagens, é difícil de aceitar os meios que os protagonistas usam para escapar das mais tensas e perigosas situações.
Apesar de pequenos desequilíbrios ao longo da trama, toda a jornada do grupo para conseguir a gigantesca quantidade de dinheiro é recheada de trufas e momentos maravilhosos. Desde a idealização do plano até a execução dele, vemos como o filme não se leva a sério, e identifica muito bem a quão absurda é a ideia de um grupo de 4 ladrões de rua, com alguns atores enganados, tentarem roubar um banco e sem ser no estilo “Hollywoodiano”.
Aspectos técnicos também brilham aqui, como a trilha sonora composta em sua maioria por HipHops e Raps, além do incrível trabalho de direção e edição, que transmite perfeitamente uma fluidez e leveza entre os acontecimentos, mas sem perder a tensão e perigo da situação geral.
O elenco principal, composto por Wesley Guimarães (Zoinhu), Juan Queiroz (Linguinha), Elzio Vieira (Mãodelo) e Wenry Bueno (Alãodelom) transborda simpatia por todo o tempo do filme, com diversas cenas que demonstram a união dessa família e seu clima descontraído. Porém, esses momentos se tornam cada vez mais raros com o passar do filme, dando um ar de potencial perdido e má exploração da relação do grupo como um todo. Somente Zoinhu e Linguinha recebem um bom destaque, enquanto Mãodelo e Alãodelom acabam ficando de lado e tendo seus núcleos trocados por uma tentativa de romance de Zoinhu com Joana (Giovana Grigio).
O núcleo desse romance é, sem exagero nenhum, muito fraco. Não gera grandes motivações ou mudanças na trama, e no que acaba tendo influência fica parecendo forçado demais. É perceptível que o sentimento de Zoinhu por Joana não fica somente no amor romântico, mas também se amplia para a gigantesca diferença de classes entre eles. Algo que infelizmente, também não é tão bem executado aqui.
Agora sobre o vilão, Britto. A participação especial de Caco Ciocler é competente, porém muito caricata e destoante do clima estabelecido com o filme. Comparando com outros vilões do mesmo estilo (o clássico líder de gangue ameaçador), Caco entrega uma atuação muito mais “teatral” do que “cinematográfica”.
Essa é a estreia nos cinemas de Ravel Cabral como diretor e escritor. Ele já atuou em Insânia e na duologia de filmes da Turma da Mônica.
“Passagrana” propõe e executa muito bem uma das melhores tramas em filmes brasileiros dos últimos anos. Recheado de comédia e ótimas atuações, porém com alguns núcleos desnecessários e personagens mal aproveitados. Esse filme prova que sim, nós conseguimos inovar sem deixar o jeitinho brasileiro de lado.
NOTA FINAL
4/5
★ ★ ★ ★
Autor: Bruno Navarro