Um filme animado infantil brasileiro com ótimas ideias, uma trilha sonora impecável e marcante, referências ao povo mineiro e momentos com mudanças de estilo de arte magníficos. Porém que no fim do dia, é ainda só para o público infantil.
Placa Mãe se passa em um futuro tecnológico no Brasil, mais especificamente em Minas Gerais, onde uma androide chamada Nadi (Ana Paula Schneider), ganha o direito de adotar duas crianças, David (Vitor Gabriel Pereira) e Lina (Ana Júlia Silva Guimarães). No entanto, a adoção gera incomodo em Asafe (Marcio Simões), um candidato a presidente do Senado, que começa a criar uma série de polêmicas para ganhar popularidade e destruir a família que Nandi recém criou.
De cara o que chama a atenção aqui é a ideia do design de produção. Não é nada comum vermos o Brasil com uma temática futurista e tecnológica em produções audiovisuais, e nesse filme temos um vislumbre disso. Somente um vislumbre mesmo, pois esse cenário com tanto potencial de exploração é tratado como somente mais uma cidade futurista genérica de filmes populares, com sua clássica divisa entre classes sociais. Na questão dos personagens, também não há nada de inovador por aqui.
No quesito da animação, ela é bem competente se comparada com outras grandes animações nacionais. Bons movimentos corporais e expressões faciais, mas que dividem a tela com diversos momentos em que ângulos de personagens e do cenário se mostram diferente das personagens. Assim causando sensação de estranhamento e confusão sobre como as cenas estão se seguindo.
Entretanto, é importante ressaltar os momentos do filme em que o estilo de animação é trocado rapidamente para um estilo de stop motion e para um de aquarela. São pequenas trufas de aproximadamente 5 minutos, mas que representam muito bem a diversidade imensa da cultura brasileira entre as suas regiões, além de ser esteticamente muito bem executado.
O roteiro e a trama aqui são 100% dedicados ao público infantil, incluindo piadas mais simples, problemas mais fáceis de serem compreendidos e soluções descomplicadas e rasas para os problemas da trama. Além de que, a mensagem de como o racismo está presente na sociedade mesmo em um período futurista é bem apresentada com toques de sutileza e humor. Existem também algumas trufas para os adultos, que podem identificar algumas referências e piadas ao cenário político brasileiro atual.
A trilha sonora é em sua maioria composta por músicas típicas de Minas Gerais, que acabam combinando e muitas vezes elevando muito bem com o clima de amor e família que o filme tanto reforça.
A dublagem do filme aposta em vozes inéditas e pouco experientes do mercado, o que acarreta diversos momentos com inflexões erradas, confusas e forçadas. As únicas exceções aqui são Nadi e Asafe, que são dublados respectivamente por Ana Paula Schneider (Elena Fisher no jogo Uncharted) e Márcio Simões (Patolino em Looney Tunes).
‘Placa Mãe‘ é uma ótima escolha de filme para os pais que querem levar os pequeninos para o cinema. É um ótimo filme infantil, com trufas humorísticas e artísticas para os adultos, mas que será mais bem apreciado por crianças abaixo de 10 anos.
NOTA FINAL
3,5/5
★ ★ ★ ★
Autor: Bruno Navarro
Agradecemos a O2 Play pelo convite!