Prédio Vazio acompanha uma jovem mulher que, após o desaparecimento de sua mãe no último dia de Carnaval, viaja para Guarapari para investigar o paradeiro de sua mãe. Porém chegando na cidade, ela descobre que o prédio que sua mãe estava hospedada é envolto de mistérios sombrios.

Dirigido por Rodrigo Aragão, famoso diretor de terror brasileiro, o filme parte de uma premissa simples, porém interessante. Ele bebe muito da fonte dos famosos filmes trash, uma marca já fixa na filmografia do diretor. Visualmente o filme lembra bastante filmes Giallo como Suspiria, de Dário Argento, trazendo visuais deslumbrantes com bastante uso de leds coloridos, que trazem para o filme um aspecto artificial muito interessante.
Aragão sabe aproveitar esse aspecto artificial para disfarçar os efeitos do filme que, pelo seu baixíssimo orçamento, são de fato bem perceptíveis. Em especial os takes que mostram o prédio pelo lado de fora, que é nítido o uso do vfx na cena.
O grande problema é que o filme se torna muito destoante nos momentos em que ele abraça essa artificialidade e quando tenta trabalhar de maneira mais crua. As cenas “comuns”, como personagens conversando em um restaurante, ficam nitidamente mais feias quando comparadas com as cenas lúdicas de dentro do prédio. Até certo ponto pode parecer uma escolha proposital, mas não justifica a péssima escolha artística nos momentos de filmar fora do prédio.
O que é proposital e, de fato, funciona, é a maneira como a câmera se porta em diferentes ambientes e momentos. Em momentos calmos a câmera sempre fica estática, com planos bem centralizados e harmônicos. Porém quando a tensão invade o ambiente, a câmera se entorta e passa a se movimentar mais pelo ambiente, usando bastante o Plano Holandês para trazer ao espectador o mesmo desconforto que os personagens estão sentindo em tela.
A direção de arte também ajuda muito nas cenas internas do prédio, trabalhando com elementos tortos e antigos, que novamente traz um certo desconforto para o espectador. Além da maquiagem excelente dos monstros que existem nesse prédio.
De fato, quando o filme entra no prédio ele cresce muito. Seja pelo visual, seja pela trama que, enfim, abandona a tentativa falha de desenvolver seus personagens e joga eles nos momentos de tensão e terror, que é justamente o que o espectador quer ver.
Até porque, esse é o grande calcanhar de Aquiles do filme, sua trama absurdamente supérflua. Claro que ao assistir um filme de terror trash a última coisa que se espera são bons personagens, porém, aqui no filme eles ensaiam tramas interessantes, como um possível debate sobre maternidade, sobre amor. Mas infelizmente, o filme opta por não se aprofundar nesses temas que engrandeceriam muito ele.
Isso não é culpa dos atores, pelo contrário, acredito que eles mandam muito bem com o texto que lhes foi dado. Com destaque para Gilda Nomacce que traz para a vilã principal uma imponência e insanidade indispensáveis.
No fim, Prédio Vazio tem qualidades muito gritantes, principalmente falando do visual do filme, porém acaba pecando na discrepância de qualidade entre suas cenas e na superficialidade do roteiro. Porém, aos amantes de “terror b”, é um filme realmente muito interessante!
NOTA FINAL
3/5
★ ★ ★
Autor: Daniel Louback
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