“Quebrando Regras” é um drama baseado em fatos reais que acompanha a formação da primeira equipe feminina de robótica do Afeganistão. A trama gira em torno de um grupo de adolescentes que, lideradas por uma educadora determinada, enfrentam as restrições impostas por uma sociedade conservadora enquanto constroem um futuro diferente para si mesmas. O filme aposta em uma narrativa inspiradora, com foco na coragem e na força da união entre meninas em um contexto de opressão e medo.
A direção é assinada por Bill Guttentag, cineasta premiado com o Oscar, que também coescreve o roteiro ao lado de Elaha Mahboob e Jason Brown. No elenco, Nikohl Boosheri interpreta Roya Mahboob, figura central da história e referência real no campo da educação tecnológica no Afeganistão. A presença de nomes como Ali Fazal e Phoebe Waller-Bridge fortalece o apelo internacional da obra, mas o destaque está mesmo no elenco jovem, que imprime sinceridade e tensão emocional às cenas.

A fotografia valoriza os contrastes entre ambientes fechados e abertos, com tons terrosos predominantes que remetem ao cotidiano afegão. A direção de arte trabalha com elementos discretos, focando nos objetos que simbolizam resistência e criatividade: circuitos, ferramentas, uniformes. Não há exageros visuais, mas há um cuidado claro em construir uma estética que seja sensível ao espaço onde aquelas meninas vivem e criam. As escolhas visuais acompanham o crescimento do grupo, tanto emocional quanto técnico.
Narrativamente, o filme se divide entre momentos íntimos e cenas de impacto público. A direção opta por uma abordagem linear, o que torna a história fácil de acompanhar, mas por vezes previsível. Ainda assim, há força nas pausas, nos olhares e nos silêncios que carregam o peso de viver sob ameaça constante. O roteiro é direto, com poucos floreios, e foca mais nos vínculos entre as personagens do que nas vitórias técnicas da robótica. Isso faz com que o público se conecte com a causa antes da conquista.
Mais do que um drama biográfico, “Quebrando Regras” é um lembrete do poder da educação como forma de resistência. É um filme que emociona sem recorrer ao sentimentalismo, e que apresenta uma história necessária, sobretudo em tempos em que o apagamento de vozes femininas ainda é realidade em muitos lugares. Ao dar visibilidade a essas garotas, o filme transforma um gesto de aprendizado em ato político. E por isso vale ser visto e discutido. É um filme necessário, bonito e com alma, mas que poderia ir um pouco além na construção estética e na complexidade do roteiro. Ainda assim, ele cumpre bem o papel de emocionar e informar.
NOTA FINAL
4/5
★ ★ ★
Autor: Alexandra Coral
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