“Wicked – parte 2“, traz a conclusão da história de Glinda a boa e Elphaba a bruxa má do oeste, os dois opostos , que acabam se entendendo e que constroem uma relação forte de amizade, mas que são separadas pelo destino, por interesses e formas diferentes de pensar.
O filme se inicia bem, com um pequeno salto temporal, e a explicação por alto do que aconteceu. Mas mesmo com isso, tenta se fazer independente do primeiro; até certo ponto. E é esse um acerto, já que é algo que alguns filmes acabam pecando. O longa que tem suas duas horas e dezessete minutos, apresenta um começo forte, e antes mesmo dos créditos iniciais já somos levados novamente para aquele universo tão impar.
É uma obra que fala de pontos de vistas, fala sobre manipulação de massa, fala sobre politica e escolhe trazer um tema muito atual no cenário global em que se vive hoje em dia. Fala sobre bem e mal, sobre histórias mal contadas, sobre viradas de jogo, sobre ser quem você é, e sobre mudanças. E um dos pontos mais interessantes, é a forma como a crítica é feita, uma forma inteligente e não escancarada, mas sim uma forma até “cômica“, mas sem perder a noção do que quer. A obra coloca a mentira e a farsa, toda do lado do “bem”, deixando aquela fagulha de “nem tudo é o que parece”; e isso faz com que se reflita. Wicked nos mostra que tudo que fazemos tem uma consequência, seja boa ou ruim e que muitas vezes o mal pode vir do que tentou ser bom.
A segunda parte desse musical, consegue em alguns quesitos, ser melhor que a primeira, seja em qualidade técnica, ou em algumas questões dos personagens. Mas acaba sendo um filme que corre muito para terminar, e ao querer muitas vezes apresentar tudo e ao mesmo tempo, se torna muita ação o tempo inteiro, e se perde com o que vinha apresentando. É um filme que consegue prender a atenção, mas apresenta suas nuances, seus momentos de altos e baixos. Diferentemente do primeiro, as canções, que deveriam ser o carro chefe, aqui deixam um pouco a desejar, sendo inferiores e menos marcantes que as iniciais.
Tudo se amarra muito bem, tanto com o início, quanto com “O mágico de Oz”. É uma segunda parte mais madura, mas sombria e menos puxada para o divertimento e a alegria do primeiro, e é clara uma mudança nos personagens. Mas nessa segunda parte, Glinda (Ariana Grande) ganha mais destaque do que Elphaba (Cynthia Erivo) e vai totalmente contra o que vinha sendo mostrado, inclusive com o tempo de tela sendo até reduzido. Aqui, Ariana grande, se torna mais o centro, com seu passado sendo mais apresentado, seus dramas mais vistos e sua trajetória sendo melhor acompanhada.
É uma história sabiamente contada dos bastidores, tudo aquilo que já havia sido visto, continua sendo aprofundado. E por mais que o espectador já “saiba” o final, a obra os surpreende e diz, “não sabe não”; e aí que esta o grande diferencial dessa história. Entretanto, o roteiro comete algumas falhas deixando questões que seriam interessantes, muito superficiais, a obra foca tanto em Glinda, que acaba deixando personagens como Nessa (Marissa Bode), esquecidas. Fiyero (Jonathan Bailey) é um exemplo que mostra grande potencial, sendo até mais interessante na primeira parte, mas se perde dentro daquele universo; na sua continuação, se tornando apenas um utensilio para concluir a história. O filme conta com uma referência muito esperta e muito bem feita a obra “O grande ditador” de Charles Chaplin, que faz total sentido no contexto que se encontra.
Em conclusão, Wicked sabe como terminar um filme; já faz isso na primeira parte e repete aqui na segunda. Novamente, ótimos trabalhos tanto de Ariana Grande (Glinda) e de Cynthia Erivo (Elphaba), as atrizes foram muito bem escolhidas; assim como grande parte do elenco, e entregam muito em suas atuações. Destaque também para Jeff Goldblum (O mágico), que tem mais momentos agora, e que entrega um personagem odioso, mas que consegue ter carisma, mesmo sendo uma farsa e completamente manipulador. O filme é um impacto visual lindíssimo, com cores bem trabalhadas e um ótimo trabalho de pós, um CGI muito bem feito, muito realista, e que sem duvidas interfere diretamente na imersão aquele universo. O Diretor Jon M. Chu, soube dar vida a essa história e construir um universo fantástico. O filme tem uma boa fotografia, com alguns planos bem escolhidos, entretanto com outros que não são tão enriquecedores. A sequência não surpreende ninguém ao entregar novamente uma belíssima direção de arte, com figurinos e penteados lindíssimos, e tudo muito bem pensado e trabalhado, sabendo dividir entre ser realista e não perder o que de fantasia.
Uma obra que encanta, vale apena ser assistida, surpreende positivamente os fãs, até aqueles que não conheciam sobre a história, ou não são tão fãs de musical. Contém seus problemas e suas falhas, em alguns quesitos deixando a desejar, mas corresponde bem. E deixa aquela mensagem de “todos são maus em uma história mal contada”.
NOTA FINAL
4/5
★ ★ ★ ★
Autor: Vinycius de Oliveira
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