‘A METADE DE NÓS‘, nova produção nacional que conta a história de um casal que perde de forma repentina e trágica seu único filho decorrente de um suicídio, estreia no cinema nacional hoje (30).
Tivemos a oportunidade de assistir a esse incrível e necessário longa. E também conversar com as estrelas Denise Weinberg e Cacá Amaral, que dão vida a Francisca e Carlos, em uma entrevista realizada no último dia 23.
Você pode conferir parte da nossa entrevista abaixo, seguida da mesma completa em forma de áudio.
Para Denise: Eu me identifiquei muito com a sua personagem, por que quando ela vai junto com o pai a consulta do psiquiatra, e ela tenta parece que de alguma maneira resolver aquilo, ou se vingar a partir daquilo. Aconteceu muito próximo por que meu pai também foi vitima de um câncer, e o médico era muito próximo do nosso convívio, em um tratamento alternativo, eu me identifiquei nesse sentido. Queria que você contasse como que você prospectou isso, porque a gente vê muito a angustia da personagem:
A Francisca, minha personagem, eu acho que quando acontece uma tragédia dessas, a sua primeira reação é raiva, a não aceitação. E ai eu fui primeiro nessa raiva, e você começa a ficar obsessiva, você fica em uma montanha russa, você não consegue parar de pensar naquilo, ela fica atrás daquele médico obsessivamente, achando que ele é o grande culpado, pode ser, pode não ser, tudo é possível. Mas a maneira dela aceitar, é uma espécie de “vou me vingar”, mas não adianta se vingar por que já aconteceu, não vai trazer o filho de volta né. Então cada um reage de uma maneira. Eu fui por um lugar junto com o Flávio, Cacá, um lugar de fechar, de fechar, de não ter um riso, de não ter uma alegria, de se proibir a qualquer prazer, acabou meu mundo caiu.
E eu acho muito bonito no filme, que é, através de um cachorro, ela consegue ter um laivo de vida, muito pequeno que só vai se desenvolver até o final, mas eu acho que a negação da Francisca e a raiva que ela constrói é perfeitamente natural, e se entende, se você perder o filho você vai ficar louca, tem que ter um porque. Tem uma frase no filme que eu acho incrível, que ela ta olhando pela janela e ela diz assim: “O que que estava passando na cabeça daquele menino“. E é isso, a gente sempre pensa nisso, “o que que passou e que eu não vi?“, só que a tua impotência é total, você jamais ia saber o que que ia ta passando na cabeça do filho né? Então eu construí encima da secura, da aridez, da esterilidade, prazer 0, contentamento 0, alegria 0, é uma coisa obscura, é uma mulher obscura, que é exatamente o oposto do que o meu marido faz, o Caca, ele procura luz, eu não, eu vou na sombra, eu fico na sombra o tempo inteiro.
E entrevista completa você pode ouvir abaixo:
Sinopse: ‘A Metade de Nós’ segue Francisca e Carlos, um casal que luta para se adaptar à nova realidade após o suicídio do único filho, Felipe. Mergulhados em fantasias, medos e melancolia, o casal se separa. Cada um a seu modo vivencia experiências radicais. Carlos se muda para o antigo apartamento de Felipe, alienando-se na vida do filho morto. Já Francisca, assombrada pela culpa, dedica-se a desvendar o enigma do suicídio.
O que achamos de ‘A Metade de Nós’? Confira nossa critica.
O novo filme de Flavio Botelho o qual ganhou Prêmio de Melhor Filme eleito pelo público na 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo conta traz à tona um tema pouco explorado em nossa sociedade: o luto. Na trama as particularidades de Francisca (Denise Weinberg) e Carlos (Cacá Amaral) que brilhantemente dão vida neste longa metragem a um casal de pais que se veem tomados pela melancolia, a partir de uma nova e difícil realidade: seguir seus dias após o suicídio de Felipe, seu único filho.
Cada qual à sua maneira, os dois passam a lidar com os dilemas da perda de modo a mergulhar em seus devaneios pelo forte sentimento de culpa causado pelo sentimento de impotência de ambos em não ter tido controle sobre os desejos do filho em dar cabo à própria vida. Francisca, é tomada pela obstinação em querer entender as causas que levaram Felipe a tomar tal decisão e não mede consequências em achar um culpado pelo ocorrido.
Já Carlos muda-se para o antigo apartamento do filho e através das memórias, ele busca encontrar novos horizontes e viver novas experiências para enfrentar a recente perda do filho. Um filme verdadeiramente sensível e que nos faz atentar a substancialidade das relações e nos faz refletir a respeito da finitude, da dor…
NOTA FINAL
5
★ ★ ★ ★ ★
Autor: Roberto Carso
Jonathan