Avatar: Fogo e Cinzas, faz parte do que podemos chamar de “filme evento”. A saga iniciada por James Cameron (Titanic, 1997) lá em 2009, com seus avanços técnicos em efeitos especiais e com o melhor 3D que já se viu, mesmo tendo uma história bem básica que podemos chamar de “Pocahontas Hi Tech”, ir ver essa produção no cinema era mais do que justificável e os recordes de bilheteria mostraram isso e viabilizaram as continuações. Após uma evoluída no quesito roteiro em Avatar: O Caminho da Água (2022), chegamos ao terceiro filme seguindo bem o que deu certo com seu antecessor.
Os problemas de relacionamento familiar da família Sully, liderada por Jake (Sam Worthington, A Cabana, 2017) com Neytiri (Zoë Saldaña, trilogia Guardiões da Galáxia) e principalmente seu filho Lo’ak (Britain Dalton, Jogador N° 1, 2018) por conta do sentimento de luto e culpa de todos os lados. A aceitação parcial dos protagonistas pelo Clã Metkayna e a sempre presente ameaça de um novo ataque dos humanos, deixa todos em uma extrema tensão e num ininterrupto estado de preparação para uma batalha, o que contrasta muito com o cenário ainda mais paradisíaco dessa parte de Pandora.
Os únicos que ainda conseguem sentir um resquício de vida normal são os mais jovens, em especial Kiri (Sigourney Weaver, franquia Alien) e Spider (Jack Champion, Uma Batalha Após a Outra, 2025) que vêem seu relacionamento se desenvolver ainda mais. Vale destacar aqui um dos pontos técnicos que vem desde o primeiro filme, que é a excelente captura de movimentos não só corporal, mas principalmente facial. As expressões das mais carrancudas às mais sutis, são muito bem detalhadas e ainda com os movimentos de orelha para auxiliar na expressão de sentimento continuam embasbacando o espectador, dando peso real as cenas de diálogos mais dramáticos, o que poderia ficar um pouco esmaecido, já que o próprio roteiro não é tão denso.
O que faltou um pouco de impacto na carga dramática emocional, foi extrapolado nas cenas de ação, nas batalhas. Além dos belíssimos ambientes já conhecidos da lua habitada pelos Na’vi, vislumbramos mais um habitat diferente, o desértico lar do Povo das Cinzas, liderados por Varang (Oona Chaplin, Game Of Thrones), um clã mais belicoso e selvagem, que por algum motivo, com seus rituais e gritos de batalha lembram um pouco os nativos norte-americanos. Uma tribo que vem para desequilibrar ainda mais a guerra entre os nativos de Pandora e o “Povo do Céu” em uma improvável aliança com o Coronel Quaritch (Stephen Lang, franquia O Homem Nas Trevas). E é aí que tudo o que Avatar 3 pode oferecer em beleza gráfica começa a dar um show frenético. As batalhas que se desenrolam no ar, nas florestas e na água dão a sensação de estar em uma montanha russa, com cenas bem coreografadas alternando entre visões panorâmicas, closes dos personagens e até um pouco de visão em 3ª pessoa, que chamará muito a atenção dos gamers, por exemplo.
A diversidade de ambientes, seres e máquinas, criam um verdadeiro caleidoscópio de encher os olhos e talvez para alguns a duração desses embates pode parecer um pouco longo demais, já que o filme tem um bom número de batalhas. Outro ponto que merece destaque é que geralmente a ficção científica é usada para fazer uma autocrítica de nós como seres humanos, sociedade e etc… E no longa mais uma vez é demonstrado como a ambição humana não tem dificuldades para suplantar o bom senso e a compaixão. Que na busca do lucro qualquer outra coisa pode ter seu valor reduzido a nada. Essas críticas vão ficando cada vez mais acentuadas, seja na colonização exploratória, como na caça predatória de animais unicamente para extrair uma “riqueza”.
Avatar: Fogo e Cinzas não tem um roteiro brilhante, não tem um “plot twist” sequer, mas sua história não atrapalha e cativa em alguns momentos. Claro que o principal recurso do filme é a experiência sensorial e isso ele atinge com maestria. Filme para fazer valer o valor do ingresso IMAX 3D.
NOTA FINAL
4/5
★ ★ ★ ★
Autor: Leonardo Valério
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