Wall World é aquele tipo de jogo que te conquista rápido pela ideia e te testa com o tempo. A proposta é simples e curiosa: explorar uma muralha infinita usando um robô-aranha gigante, minerar recursos em mapas gerados proceduralmente e voltar correndo para se defender de ondas de monstros cada vez mais agressivas. Tudo isso embalado por uma estrutura roguelike que mistura progresso permanente com decisões tomadas dentro de cada run.
Logo nas primeiras horas, o jogo já te mostra uma identidade própria puxada para o sci-fi e para o gerenciamento de risco. Minerar é satisfatório, encontrar novos biomas mantém a curiosidade acesa e a alternância constante entre exploração subterrânea e combate cria um ritmo que funciona muito bem no começo.
A dinâmica central gira em torno do tempo. Você cava, coleta recursos e precisa saber a hora certa de voltar para o robô-aranha antes que o ataque comece. Quando os monstros aparecem, o jogo muda de tom: a calmaria da mineração dá lugar a combates intensos, com armas variadas, torretas improvisadas e decisões rápidas que definem se a run continua ou termina ali.
Entre uma tentativa e outra, Wall World aposta na progressão por melhorias. É possível evoluir o exoesqueleto para minerar mais rápido, quebrar paredes mais resistentes e melhorar o desempenho do robô-aranha em combate. O problema é que boa parte dessas melhorias não garante sucesso por si só. Muitas runs dependem mais dos itens aleatórios encontrados durante a exploração do que do progresso acumulado, o que pode frustrar quem não gosta de grind.
E é exatamente aí que o jogo divide opiniões. Enquanto o início é empolgante e variado, conforme o jogador se aproxima do final, a repetição começa a pesar. Minerar, defender, morrer, voltar para a base e repetir vira um ciclo cada vez mais longo. Para quem gosta de farm e progressão lenta, isso faz parte da experiência. Para quem não curte, o cansaço chega rápido.
Visualmente, o jogo aposta em pixel art simples, mas funcional. Não impressiona pelo detalhe, mas cumpre bem o papel de criar um mundo estranho e misterioso. A trilha sonora, por outro lado, é discreta demais. Ela acompanha o jogo sem atrapalhar, mas dificilmente marca ou cria momentos memoráveis, funcionando mais como pano de fundo do que como elemento narrativo.
A história existe, mas não é o foco principal. Ela se constrói aos poucos, por meio de diálogos e documentos encontrados durante a exploração, sugerindo um universo maior e deixando espaço claro para possíveis continuações. É interessante, mas nunca invade o protagonismo da jogabilidade.
No fim das contas, Wall World é um jogo honesto. Ele entrega exatamente o que promete: mineração 2D, combate constante e uma estrutura roguelike que mistura tensão e relaxamento na medida certa — pelo menos nas primeiras horas. É fácil recomendar para quem gosta do gênero, especialmente para jogar de forma casual, ouvindo música ou encarando runs sem pressa.
Só é importante entrar sabendo: o grind é real, e ele não vai embora. Se isso não for um problema, a escalada pela muralha pode ser mais divertida do que parece à primeira vista.
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