“Nosso Natal em Família” é um obra natalina que carrega um pouco do que há em outros filmes de Natal, mas passa longe de ser uma narrativa tradicional. Acompanhamos uma noite mais que especial na casa dos Miller’s. Todos os parentes se reencontram e entre a festança, assuntos como brigas de mãe e filha, venda da casa, e a saúde da matriarca, são trazidos a tona. O filme gira em torno de cada micro acontecimento daquela ocasião. É uma produção experimental de baixo orçamento, que consegue cativar em alguns momentos e trazer uma narrativa diferente das típicas estruturas, mas declina lentamente com o passar do tempo. Situado em Long Island, numa região de subúrbio, a história vai muito além de uma simples noite feliz.
O diretor Tyler Taormina tem como escolha estética um filme que não aparente ser digital, mas sim que pareça ter saído diretamente dos anos 90. A produção conta com muitas imagens de apoio; algumas até sem sentido, ou soltas dentro da narrativa. A obra não é tão longa, contando apenas com 1 hora e 47 minutos, mas tem uma carga excessiva de momentos um tanto inúteis. Taormina parece querer mostrar tanto como é a atmosfera daquela família, que acaba se esquecendo de contextualizar e abordar um enredo que seja forte e que cative o público, para além apenas da questão de recordar.
A fotografia de Carson Lund é interessante. Dona de planos bem pensados, movimentos inteligentes, com até leves inspirações em “The Office”. A câmera, algumas vezes, funciona como se estivesse na perspectiva de um personagem, como se o espectador fosse esse personagem, como se ele não só assistisse, mas estivesse na celebração. Lund dirige sua fotografia pulando de pessoa para pessoa e, assim, mostrando em cada conversa um pouco de cada história. A é outro ponto interessante, é muito bem elaborada, acerta nos dinamismos, nas simultaneidades e na escolha de seus cortes.
A obra carrega um ar intimista; não sabemos até que ponto é uma história real, mas cria esse ar de ser, ao ponto de cada espectador relembrar uma noite de Natal em família. Com a presença de dois atores de sobrenomes um tanto conhecidos, como Francesca Scorsese (Michelle) e Sawyer Spilberg (Splint), além de Michael Cera, vivendo um personagem um tanto peculiar, o filme não conta com protagonista, nem alguém que de fato carregue a obra nas costas, é faz total sentido com a dinâmica da família ser a protagonista; todos ali forma um individuo.
A produção funciona como um saudosismo a uma época que, aos poucos, chega ao fim. A narrativa carrega consigo esse ar de último Natal, de último grande encontro. É uma reunião com cara de despedida. Um filme poético e sentimental, com reflexões e momentos a serem sentidos. Entretanto, o diretor parece se perder na história e, do meio para o final, deixa de ser a casa e a família e tenta seguir outro enredo, o que cai um pouco com o ritmo e a estrutura que o filme vinha seguindo. Essa subtrama não consegue funcionar de forma tão natural quanto o restante da obra.
Em conclusão, temos um filme de grandes méritos, seja pelo orçamento, por questões da direção ousar em uma linguagem diferente, ou mesmo por sua qualidade técnica que não deixa a desejar. Mas é uma obra que divide opiniões, assim como toda obra que ousa furar uma bolha. Deixa a desejar em alguns quesitos de sua trama um pouco bagunçada demais. No final de tudo, ele fala sobre memórias, sobre família e, acima de tudo, sobre momentos.
NOTA FINAL
3/5
★ ★ ★
Autor: Vinycius Rodrigues
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