“A Natureza das Coisas Invisíveis“ fala sobre encontros e partidas. Um filme que majoritariamente acompanha duas meninas que por obra do destino se conhecem num ambiente totalmente inesperado, mas criam uma relação doce de amizade.
A obra conta com uma narrativa simples, mas ao mesmo tempo comovente, com personagens que a conduzem de forma satisfatória. Peca em ser uma história muito linear, que não aprofunda suas nuances ou destrincha os momentos. O filme conta com 1 hora e 30 minutos de duração, e aborda temas como vida, morte, amizade, misticismo, identidade de gênero, luto e amadurecimento. O grande empecilho é querer trabalhar tudo isso ao mesmo tempo, e acabar fazendo com que nem tudo seja bem resolvido.
Um dos pontos de maior acerto está na forma como as meninas conduzem o filme até sua primeira metade. É a natureza das coisas vistas pelos olhos das meninas, e esse acerto traz à obra uma doçura infantil, mesmo com questões como a bisa morrendo ou as férias dentro do ambiente hospitalar. Entretanto, após seu ponto de virada, o filme muda, com novos personagens e novas narrativas assumindo o controle. Sim, as meninas continuam ali vivendo a história mas parece que a partir da mudança de cenário, elas se tornam mais coadjuvantes.
O longa esteticamente é muito bom, com diversos momentos de simetria, planos bem escolhidos e pensados em cada detalhe. A narrativa traz momentos belíssimos, reflexivos e contemplativos. Um dos grandes acertos, tanto da direção de Rafaela Camelo, quanto da fotografia de Francisca Agurto, é o uso da câmera como espectador. A câmera vive a ação, se movimentando sabiamente e fazendo com que o espectador se sinta pertencente a trama. O ar meio documental também é outra escolha muito interessante, que combina e até intensifica a ideia do filme.
O misticismo é algo que acompanha sabiamente a narrativa, levando cultura, e mostrando a visão e as crenças de um povo. Tudo trabalhado de forma muito respeitosa e o mais real possível. Lembrando até mesmo algumas realizações de Eduardo Coutinho.
Aline Marta Maia ( a Bisa ), tem a proeza de roubar a cena em quase todos os momentos que participa. Entrega uma personagem que vai muito além do que se espera, uma personagem que cresce, saindo de apenas alguém que está doente e quase partindo. Destaques para Laura Brandão ( Glória ) e Serena (Sofia) : as duas jovens atrizes conseguem conduzir bem a obra e superar expectativas.
Em conclusão, “A Natureza das Coisas Invisíveis” é um filme com temas lindos e uma narrativa que comove. A direção trabalha sabiamente ao tornar tudo poesia. Não é uma história com momentos de drama intenso ou que deixa o espectador tenso, mas muito pelo contrario, é a forma sensível e doce das crianças verem a vida. Se atrapalha com algumas das escolhas que faz, mas ainda assim é uma obra muito boa de ser assistida.
NOTA FINAL
3,5/5
★ ★ ★ ★
Autor: Vinycius Rodrigues
O longa chega aos cinemas em 27 de novembro, com distribuição da Sessão Vitrine Petrobras.
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