CRÍTICA: AQUI
“Aqui” é um drama se passa em um único lugar: a sala de uma casa. Ele acompanha diversas famílias ao longo de gerações, todas conectadas por este espaço que um dia chamaram de lar.
O foco da trama é de Richard (Tom Hanks) e Margaret (Robin Wright), um casal fortemente ligado pelo amor, mas que sofrem problemas relacionados justamente a aquilo que une todo o filme: a sala.
O maior destaque do filme sem dúvidas é a edição, e como ela não tem medo de brincar com requisitos visuais para mostrar toda a evolução daquele mesmo espaço, desde a era dos dinossauros até o fim da jornada de Richard e Margaret. Passando por diversos tempos e famílias, o filme brinca com a evolução e mudanças do loca, seja para o passado ou futuro, criando uma aventura visual com mudanças de núcleo sutis e leves, cheia de significados, que por si só já é impressionante.
A família com mais tempo de tela é a de Richard, que começa a ser mostrada desde quando seus pais compraram a casa, até quando Richard (já com mais de 50 anos) decide a vender.
Com certeza é o melhor núcleo de todo o filme, desenvolvendo uma história que passa por diversos anos, e usa cada momento em que está em tela para desenvolver seus personagens, sejam eles os pais de Richard, seus irmãos, seus vizinhos ou sua namorada Margaret. Al, o pai de Richard (interpretado por Paul Bettany), recebe um tratamento especial aqui, mostrando sua evolução de um veterano de guerra surdo com estereótipos clássicos de um pai agressivo dos anos 80, para um senhor de idade arrependido de seus atos, e que supera seu vício em bebidas depois de anos.
A relação de Richard e Margaret, além de ser claramente o foco do filme, é de longe a coisa que mais engaja a narrativa. Toda a evolução do casal, suas alegrias, suas tristezas, suas brigas, suas decisões, nós vemos tudo acontecendo em tela, tudo sendo mostrado nu e cru, trazendo um realismo e comoção que poucos filmes conseguem fazer.
Outra família que merece destaque é a família da aviação, onde o marido é um entusiasta da mais recente tecnologia que promete mudar o mundo, enquanto sua esposa é totalmente conservadora e odeia veemente isso. Apesar de pouco tempo de tela, toda vez que eles aparecem temos a sensação de tempo perdido, pois tirando a primeira e a última cena do núcleo, todas seguem o mesmo caminho, porém com diferentes palavras. Porém ainda é um núcleo valioso pra trama, visto seu plot twist no final.
Os outros núcleos não têm tanto destaque assim, sendo que só estão lá para aliviar a escala do filme, que cresce constantemente no drama, mas que precisa dar uma pausa para uma leve comédia (assim como em filmes anteriores do diretor).
O design de produção do filme consegue muito bem retratar todos os períodos do tempo em que o filme se passa, mudando completamente a atmosfera do mesmo local com diferentes móveis, decorações e cores da parede.
A direção junta da fotografia do filme também segue pelo mesmo caminho. Ambas conseguem cuidar muito bem de todos os núcleos e períodos que aparecem, mesmo que alguns ganhem mais destaque do que outros. Tudo funciona com muita harmonia aqui. Toda vez que o filme troca seu núcleo, é uma sensação incrível. Entretanto, infelizmente o filme acaba pecando em momentos bem específicos durante as trocas de núcleo, seja pelo corte no momento errado que quebra a imersão do espectador, ou pela edição que acaba sendo bruta demais.
“Aqui” é um drama que te emociona, te alegra e te entristece do começo ao fim. Núcleos que te cativam, te divertem, te emocionam, e alguns que são bem irrelevantes. O filme consegue passar muito bem as sensações que promete, mesmo com alguns deslizes e desfoques.
NOTA FINAL
4,5/5
★ ★ ★ ★ ★
Autor: Bruno Navarro
Agradecemos a Imagem Filmes pelo convite!
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