Operação Vingança, adaptação de um dos romances de Robert Littell, ganha vida nas telas pelas mãos do diretor James Hawes (Uma Vida – A História de Nicholas Winton, 2023). O filme desperta interesse ao propor uma história de vingança ambientada no mundo da espionagem, mas distante dos arquétipos tradicionais de superagentes com habilidades letais e apetrechos futuristas.
Aqui, a vingança é conduzida por um “nerd de gabinete”: Charles Heller (Rami Malek, Bohemian Rhapsody, 2018). Apesar do intelecto brilhante, ele é totalmente inapto para funções de campo que exijam manejo de armas ou combate físico. Heller é um sujeito socialmente desajeitado — a não ser quando está ao lado da esposa, Sarah (Rachel Brosnahan).

O primeiro ato é, sem dúvida, o ponto alto. Graças ao talento de Malek, o luto vivido pelo personagem é transmitido com profundidade, tanto nas expressões quanto na postura corporal. As cenas de investigação digital ganham dinamismo com cortes ágeis que criam senso de urgência, contrastando com closes que reforçam foco e introspecção.
No entanto, à medida que avança, o filme começa a perder fôlego. A transição de Heller para agente de campo acontece de forma apressada, tanto no tempo do filme quanto em tela. É claro que obras do gênero pedem uma boa dose de suspensão de descrença, mas ainda assim é preciso oferecer ao espectador elementos mínimos para alimentar essa crença.
O treinamento com Henderson (Laurence Fishburne) serve mais como um recurso expositivo — para destacar as fragilidades e qualidades do protagonista — do que para construir uma relação significativa. Da mesma forma, a forma como a CIA é representada destoa de outras versões já vistas na ficção: permissiva demais, quase indiferente, o que compromete o senso de urgência que um bom thriller exige.
A caçada empreendida por Heller até apresenta soluções criativas — ele compensa a falta de habilidades físicas com inteligência e engenhosidade — mas talvez não seja suficiente para quem espera explicações mais elaboradas (mesmo que absurdas) dentro do universo ficcional.
O maior desperdício do longa, sem dúvida, é Jon Bernthal (Justiceiro). Seu personagem, The Bear, aparece em poucas cenas e, nelas, não exerce papel relevante algum — tornando-se completamente dispensável.
Operação Vingança só não é um filme facilmente esquecível por conta da presença magnética de Rami Malek. Ainda assim, é pouco para o potencial que o enredo prometia.
NOTA FINAL
2,5/5
★ ★ ★
Autor: Leonardo Valério
Agradecemos a 20th Century Brasil pelo convite!
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