CRÍTICA: OS ENFORCADOS
Fernando Coimbra demonstra maestria ao construir uma narrativa que, na maior parte do tempo, surpreende e mesmo quando é possível prever algo, mantém o mistério sobre como os eventos se desenrolarão. Por ser uma trama que dispensa explicações detalhadas, confiando na inteligência do espectador para preencher as lacunas deixadas.
Além disso, insere pistas de forma sutil, como o simples hábito de um personagem comer maçãs de uma maneira específica. Especialmente no arco de quem não queria se envolver com os negócios criminosos da família, mas acaba se tornando implacável e sem remorso diante dos inimigos.
Esse humor, no entanto, é controlado e preciso. A comparação entre momentos semelhantes, como o fetiche do casal e a violência sofrida por ela, é evidenciada uma certa habilidade da direção em um tipo de eloquência em cenas com propostas distintas. Nesse contexto, Leandra Leal entrega mais uma atuação marcante, sua personagem “Regina”, é desprezível, mas também vítima das circunstâncias, e essa ambiguidade chega a inclinar a simpatia do público. Por sua vez, Pêpê Rapazote, interpreta um delegado arrogante e incorruptível, já Thiago Thomé vive um homem cuja lealdade é mal recompensada e Augusto Madeira reafirma seu lugar como um grande ator do cinema nacional.
O protagonista de Irandhir Santos, explora as nuances de seu personagem, mas seu tom poético e a dicção empostada entram em contraste com a vulnerabilidade e, mais tarde, a firmeza do personagem.
No fim, é uma obra vibrante, que mescla humor ácido e violência com energia e precisão. Há domínio formal impressionante, usando enquadramentos claustrofóbicos para explorar de forma singular os espaços da mansão, ele também trabalha um humor que nasce do imaginário compreensível, já que não há personagem moralmente íntegro na trama.
NOTA FINAL
3/5
★ ★ ★
Autor: Weslley Lopes
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