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Crítica: Operação 49

Crítica: Operação 49

Operação 49” é um longa baseado em uma história real de resistência e luta pela vida. No ano de 2014, o grupo terrorista ISIS invade a embaixada turca e sequestra 49 prisioneiros. Oguz, um soldado membro do MIT, tem como missão resgatar os reféns. O filme é uma baita produção do cinema turco, cheia de efeitos especiais, explosões e muita ação. O que chama mais atenção na obra é ter essa qualidade técnica e visual e, ainda assim, ser um filme de orçamento B.

O longa, que conta com 2 horas e 2 minutos, aborda de forma crua e realista o terror vivido e um pouco de como age o grupo terrorista. Também é, abertamente, uma propaganda ao governo e uma homenagem a todos os que, na história real, lutaram contra o ISIS. O diretor Hakan Inan entrega um trabalho sólido, com boas escolhas de planos e uma linguagem bem construída. Já a fotografia de Feza Çaldiran é crua e acerta ao registrar essa ambientação realista. Dona de uma paleta de cores bem escolhida, com bons enquadramentos e movimentos de câmera que aproximam o espectador da história, a obra apresenta ótima qualidade visual e sabe imprimir o que deseja.

Peca bastante na construção do roteiro, sendo mal explicado, com resoluções tiradas da cartola e acontecimentos quase impossíveis. Apesar de seu tema real, é uma obra muito clichê e genérica, com acontecimentos pouco surpreendentes, que causam baixo impacto e resultam em uma história limitada. O protagonista Oguz, vivido por Ismail Hacioglu, é quase um super-herói, uma idealização do soldado perfeito: forte, destemido e salvador. Ficar preso a essa idealização foge da naturalidade que a obra poderia ter, pois, por mais que seja um filme de ação, essa perfeição é negativo para a construção do personagem. Juntamente de sua parceira Sahra (Hande Dogandemir), Oguz é capaz de acabar com um batalhão inteiro de terroristas, tudo isso sem que suas munições acabem e sem que os dois sofram sequer um golpe.

O drama, apesar de forte, é mal aproveitado e superficial. O filme até certo ponto tenta trabalhar simultaneamente o confinamento dos reféns e os terroristas, além de acompanhar a história do mocinho e sua parceira. Se, de início, isso é apresentado e ainda assim não consegue sensibilizar o público, quando a narrativa passa a focar apenas no protagonista, fica ainda mais difícil. O roteiro é pouco envolvente e não contextualiza muitas questões. Os personagens não possuem um desenvolvimento bem trabalhado, não crescem no decorrer da obra, e muito menos seguem uma jornada de altos e baixos. Eles parecem já estarem formados, não há subtramas e muito menos crescimento individual. Os diálogos são pouco fundamentados, por vezes trazendo falas sem importância ou pouco pensadas.

Apesar dessas negatividades, o filme acerta em seu clímax. Já próximo ao final, o longa consegue chegar ao seu auge, embora seja resolvido de forma completamente simples por um dos mocinhos.

Em conclusão, “Operação 49” é uma realização regular, que beira o ruim. Uma história que ainda tinha muito a melhorar, mas deixa a desejar. É limitado no drama e possui uma história promissora que não foi trabalhada da melhor maneira. É clichê e não propõe muito, mas conta com boas cenas de ação que conseguem prender e, em alguns momentos, surpreender.

NOTA FINAL

2/5

Autor: Vinycius Rodrigues

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