CRÍTICA | 13 SENTIMENTOS
13 Sentimentos seria o filme mais atual e fiel para a comunidade LGBT dos anos 2000 até o momento. Uma comédia leve e um pouco apimentada surge na tela com personagens que se direcionam apenas a ajudar o protagonista João, rapaz jovem de classe média, mimado sem nenhum “grande” problema na vida, além do seu próprio ego.
João esta sempre com um cubo mágico por perto, ele tenta juntar todas as cores como quem tenta resolver a própria vida amorosa que segue confusa após um longo namoro. Namoro este que durou 10 anos, e agora solteiro, ele reflete se tem alguém para ele nesse mundo. Sua busca não entra num conflito existencial, pois o mesmo está muito satisfeito com sua vida, aparência e sua casa, que estão dentro da normalidade de um jovem de classe média.
Estagnado em sua carreira na produtora de cinema, sem ideias para seu roteiro, o jovem se perde em suas ideias e não sabe para onde seguir com seu trabalho. Tem ajuda da sua produtora (uma mulher trans) que o incentiva a escrever um roteiro mais “maduro”. O rapaz de 32 anos tenta conciliar sua jovialidade, claramente um rapaz mimado, com seu dever de se tornar adulto e não depender mais de sua mãe para viver.
Passa assim a trabalhar por acaso como Filmmaker de filme pornô para seus novos amigos de aplicativo de encontros, que pagam a ele um dinheiro extra e assim ele consegue levar a vida e pagar seu aluguel. As aventuras de João por essa seara rende cenas divertidas de casais aleatórios que buscam gravar suas cenas de sexo e postar em sites que recebem pagamentos como o OnlyFans. As vezes constrangendo o protagonista, que vai se acostumando a esse trabalho.
João também busca um novo amor em aplicativos de encontros, mas também sem muito sucesso, conhecendo vários rapazes em vários encontros diferentes. Encontra sempre um “defeito” em cada um deles. Seus amigos o ajudam a ver a vida de uma forma menos “regrada” ou “encaixotada” apenas pela própria perspectiva do rapaz. 13 Sentimentos tem uma cartela de cores digna da bandeira do arco-íris, todos os quadros são bem vivos e vibrantes e uma fotografia belíssima se forma.
A diversidade de atores também faz jus, mesmo o casal principal sendo de dois jovens brancos, Artur Volpi e Michel Joelsas (“Julie e os Fantasmas” e “Que horas ela volta?”), o elenco coadjuvante é majoritariamente diversificado, tendo atores negros, latinos e orientais, porém sem grande profundidade em seus personagens, que vivem apenas para ajudar João.
13 Sentimentos também é abrilhantado por Igor Cosso (Malhação), um dos encontros do protagonista. Igor, que dos seus tempos de início de carreira, veio trabalhando em si a liberdade de expor sua sexualidade e expressão na indústria audiovisual, contribuindo assim para a comunidade LGBT. Uma participação que foi interessante para o longa, mas que poderia ter ido além.
As reviravoltas nos encontros casuais que a vida e os aplicativos proporcionam ao protagonista, são saborosas, misturando todas as raças e cores, mesmo o jovem apaixonadinho pelo rapaz padrão (Michel Joelsas). O jovem ator Artur Volpi (que pode ser visto em Segunda Chamada da tv Globo) deu vida a João com sua atuação bastante trabalhada em 13 Sentimentos, com direção e roteiro de Daniel Ribeiro (Hoje eu quero voltar sozinho).
Uma história bastante comum na vida de um rapaz gay dos tempos atuais, quase como um adolescente ele busca ser amado, sem precisar mudar nada em si.
Se não fossem pelas cenas de sexo, o que posso dizer que constrangeu algumas pessoas presentes na pré-estreia, os mais conservadores, mas claramente proposital para cutucar essa ferida de mostrar dois homens transando, a obra seria comum. Todas as cenas foram bem trabalhadas, não escrachadas e com um tom bastante poético, mostrando bastante pele dos atores.
13 Sentimentos pode ser considerado a leveza de uma obra dos tempos atuais, leve e divertida, que aquece o coração. Sem nos despertar grandes emoções ou sentimentos ruins, sendo de fácil aceitação e digestão, podendo ser vista por pessoas de todas as tribos.
NOTA FINAL
4
★ ★ ★ ★
Autor: Herbert de Souza
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