CRÍTICA: AMIZADE
Cao Guimarães é um arquivista. Um cinema mais curto, porém bastante imagético. Amizade é um filme que pega a grande catarse desses instrumentos de linguagem. Um tempo documentado pelos registros estáticos de uma história bela e absolutamente necessária, ainda que, pelo menos nesse caso, insuficiente para marcar.
Amizade conta uma história de perspectiva autoral, que mistura uma documentação com narrações em off para demonstrar a visão do diretor em relação a passagem do tempo e da construção de afeto. Uma pena que o filme caia em um ritmo pesaroso quando desiste de desenvolver os personagens para transitar com mais ansiedade para os registros documentais, como um desequilíbrio entre a narrativa e a mensagem social.

O filme se vê como uma memória expansiva sem tanta alma, embora consiga emocionar com a beleza de seus enquadramentos e a montagem arquivística, como o passado de seus protagonistas e interpelações contemporâneas, como a pandemia, por exemplos.
O filme funciona muito mais no plástico, com a ideia de felicidade e eventuais dificuldades, num recorte amigável feito por registros documentais autorais, mas que embala uma narrativa oca e não muito interessante, já que descontextualiza demais as potências dramáticas de seus personagens.

O mesmo cinema mais imediato de Cao Guimarães, que possui bons pontos, que abrigam, pelo desequilíbrio, um contraste meio amargo com outros pontos mais problemáticos.
NOTA FINAL
2,5/5
★ ★ ★
Autor: Flávio Júnior
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