CRÍTICA – BORDERLANDS | FALHA EM ORIGINALIDADE
Uma equipe de desajustados embarca em uma missão para salvar uma garota desaparecida que detém a chave para um poder inimaginável.
Não é preciso nem 10 minutos de projeção para notar que algo crucial está faltando em “Borderlands“. O prólogo responsável por introduzir o espectador naquele universo soa mais como um pastiche de diversas produções da cultura pop, roubando pedaços de franquias como “Star Wars” até “Mad Max”, mas sem nenhum lampejo daquela energia que manteve ambas vivas por décadas.
Mas o que essa adaptação da série de videogames homônima dirigida por Eli Roth (O Albergue) claramente ambiciona ser – e falha miseravelmente – é ser tornar uma aventura semelhante a trilogia “Guardiões da Galáxia”. A história começa quando uma infame caçadora de recompensas chamada Lilith (Cate Blanchett) é contratada para um serviço que a faz retorna para o lugar onde cresceu, um caótico planeta chamado Pandora.
Lilith tem a missão para encontrar Tina (Ariana Greenblatt), a filha desaparecida de um titã da tecnologia chamado Atlas (Edgar Ramirez). Acontece que Tina supostamente é parte de uma profecia, detendo o poder de abrir uma arca que contém tesouros perdidos de uma poderosa civilização alienígena. Não demora muito para Lilith formar uma aliança com o ex-soldado de elite Roland (Kevin Hart), o robô tagarela Claptrap (dublado por Jack Black), o musculoso Krieg (Florian Munteanu) e com a cientista Tannis (Jamie Lee Curtis).
Parece familiar? É por que você provavelmente deve ter visto essa história diversas outras vezes. Nem mesmo a presença de grandes nomes no elenco consegue injetar algum carisma ou esboço de personalidade que seja o suficiente para fazer com que essa aventura decolar.
A saga do bando de desajustados comandada por James Gunn se tornou uma das maiores joias do universo Marvel devido ao seu coração imenso. Desde o primeiro filme havia uma conexão clara do cineasta com aquele material. Nada disso não pode ser encontrado aqui. Eli Roth parece não ter a menor vontade de explorar o universo de “Borderlands” além de um humor juvenil forçado e toneladas de exposição.
Em um determinado momento a personagem de Cate Blanchett narra informações sobre sua trajetória enquanto uma cena de ação aparentemente importante ocorre. Tudo é feito de maneira truncada e superficial. O ritmo é acelerado demais para que o expectador consiga construir qualquer envolvimento com aqueles personagens ou com a trama. O tom burocrático faz com que essa adaptação seja incapaz de despertar a curiosidade dos não iniciados de se aventurarem no material original.
Nos quesitos técnicos “Borderlands” trafega entre o fraco o mediano. As cenas de ação são bastante desinteressantes e montadas de maneira genérica. A câmera rígida avança de plano a plano o suficiente apenas para entendermos a geografia do combate que está acontecendo, mas tudo é sempre apresentado de maneira fria.
Os efeitos visuais e maquiagem são o feijão com arroz do que se espera em uma produção desse porte. Outro ponto que mina qualquer chance de sucesso é forma como o humor é inserido. Inúmeras piadas juvenis surgem de forma totalmente inorgânica, dando um ar irritantes para alguns personagens, em especial para o robô Claptrap. Blanchett faz o que pode com um punhado de frases de efeito clichê que soariam datadas mesmo nos anos 90.
Todo o talento envolvido na frente da tela sugere que “Borderlands” é uma oportunidade perdida. Músicas pop aleatórias e alguns personagens digitais não são o suficiente para trazer vida para um projeto aparentemente já nasceu criativamente falido. A impressão que fica é que esse foi uma perda de tempo para todos os envolvidos e para o espectador. Faça um favor a si mesmo: fique em casa e reveja a trilogia “Guardiões da Galáxia” – ou o ótimo “Dungeons and Dragons: Honra entre Ladrões”.
NOTA FINAL
1.5/5
★ ★
Autor: Raphael Aguiar
Ficha técnica
Título: Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo
Ano de Lançamento: 2024
Classificação Indicativa: 14 anos
Duração: 1h 30m
Sinopse: Lilith (Cate Blanchett), uma caçadora de recompensas, retorna ao caótico planeta Pandora para encontrar a filha de um poderoso homem. Ela se une a um grupo de desajustados para enfrentar uma ameaça alienígena e salvar o universo. O filme é baseado em uma famosa franquia de videogame.
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