CRÍTICA; CAPITÃO AMÉRICA: ADMIRÁVEL MUNDO NOVO
Herdando o manto de Capitão América, Sam Wilson deve enfrentar uma nova ameaça que põe em risco não só o mundo, mas principalmente a vida do ex general, e atual presidente dos Estados Unidos, Thadeus Ross.
Antes de tudo, vale a pena ressaltar que para entender o filme por completo é recomendado que você tenha assistido a série “Falcão e Soldado Invernal”, não só para sentir o peso da mudança de personagem com o título de Capitão América, mas também para conhecer e simpatizar com personagens chave da trama.
O UCM (Universo Cinematográfico da Marvel) passa por dois grandes extremos após o lançamento de Vingadores: Ultimato, que são: “A Marvel está de volta!” ou “A Marvel está perdida!”. E afinal, onde o novo filme do Capitão América se encaixa nisso? Exatamente no meio entre os dois. Ou ele é extremamente promissor e agradável, ou é tenebroso e desesperançoso.
As lutas e cenas de ação do filme são muito competentes quando querem, te deixando inteiramente arrepiado, mas também são muito ruins quando não querem. Pelo fato de Sam não ter o soro do super soldado, o escudo clássico é usado e abusado aqui, deixando as cenas bem mais impactantes quando ele entra em ação, porém no quesito combate corpo a corpo, as lutas são difíceis de serem entendidas e possuem coreografias mal-feitas e golpes que claramente falsos.
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Uma das grandes críticas que residem em todos os últimos filmes da Marvel é a qualidade do CGI, que segue uma onda de picos (como em Guardiões da Galáxia 3) e baixos (como em The Marvels). Capitão América em si passa por essa onda de picos sozinho! Momentos focados no Hulk Vermelho ou espaços abertos possuem um CGI mais trabalhado, robusto e dedicado, enquanto nos momentos de ambientes fechados, lutas em espaços pequenos ou quando há um destaque em Sam e sua armadura e asas, o CGI sofre com uma falta de refinamento drástica, sendo facilmente perceptível a presença de um famoso “bonecão 3D”.
Sobre os personagens, há muito o que se dizer sobre os novos e os antigos. Sam Wilson (Anthony Mackie) arrasa na sua estreia em um longa-metragem próprio, herdando o título de um dos maiores personagem da Marvel. Ele consegue transmitir a confiança e carisma que um Capitão América deve ter, ainda mantendo seu charme de Falcão inabalável e adicionando algumas camadas ao personagem (que já foram vistas em sua série).
Sua pressão constante em ser perfeito, ser mais do que um herói, ser alguém como Steve Rogers foi, leva o personagem para caminhos dramáticos e potentes, mas que são pouco explorados no filme, deixando-os mais subjetivos ao telespectador enquanto os diálogos gerais da trama seguem absurdamente expostos. Harrison Ford, que aqui substitui o saudoso Willian Hurt no papel do General Ross, entrega uma atuação competente, mas muito descompromissada.
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O personagem finalmente ganha, após muitos anos no UCM, a chance de ser aprofundado e mais explorado, mas infelizmente essa chance é jogada fora tanto pelo ator quanto pelo roteiro do filme. Harrison Ford já assumiu que só aceitou o papel pelo dinheiro, mas apesar da idade e condições do ator, era pelo menos de se esperar que ele fosse entregar algo único, mas infelizmente isso não acontece. O novo Falcão é um poço de carisma aqui, sempre muito energético, engraçado, mas também muito compromissado e importante para a trama, sendo não só um ajudante para Sam, mas também um constante lembrete de que assim como ele se pressiona para alcançar Steve Rogers, também existe alguém que almeja ser um Falcão tão bom quanto ele já foi.
Isaiah, o primeiro Capitão América do governo americano, faz sua estreia em um filme, sendo de extrema importância para a trama e para a missão pessoal e profissional de Sam. Entretanto nem tudo são flores, pois existem adições que não são muito bem-vindas ou aceitas, como a personagem de Shira Haas, uma espécie de nova Viúva Negra. Apesar de não ser um peso ou incomodo na trama, sua adição é totalmente irrelevante e poderia ter sido cortada para dar espaço para outros personagens mais importantes: os vilões.
Falando logo sobre o elefante na sala, o medo de muitos se tornou real: Giancarlo Esposito interpreta um vilão vazio, sem nada para acrescentar na trama. Um personagem que facilmente poderia ter sido trocado por algum grupo criminoso qualquer e que não se aproveitasse do nome de um grande vilão das HQs. Sentimos aquela sensação de que ele foi colocado aqui para ser realmente aproveitado em alguma série ou filme futuro, e isso só deixa o personagem de Giancarlo e o filme todo com um ar ruim, parecendo que ele serve como um filme “filler” na cronologia do UCM e que o vilão é só mais um “vilão da semana” para os heróis.
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Dizer algo sobre o vilão principal do filme, O Líder, é complicado, pois desde a concepção da ideia dele (que é um grande vilão do Hulk) ser finalmente destacado como vilão principal de um filme, e ainda colocado contra o Capitão América… Sempre foi uma ideia ruim. Mas cá estamos, e o que foi muito comentado antes das regravações do filme aqui se torna realidade: O Líder é um vilão ruim, sem nenhum charme ou característica marcante quando ele é mencionado ou apresentado. Apesar de seu bom design adaptado para o filme, o personagem não transmite a imponência que deveria passar, sendo esse vilão extremamente inteligente e cauteloso, que prevê todas as possibilidades e as usa ao seu favor.
Aqui, O Líder só parece uma pessoa extremamente irritada e que fez um único e singular plano para alcançar seu objetivo. Grande parte da insatisfação com o personagem é culpa do roteiro, que não tenta o aprofundar, e só joga ele nos lugares exatos e nas horas exatas pra trama do filme poder progredir. Não há nada marcante nele além de seu visual verde e grotesco. Ele não é um líder, é só um homem com um plano.
Nos termos técnicos, a fotografia do filme é bem competente, não tendo nada muito inovador em grande parte do tempo, mas ainda assim boa aos olhos. Em contraste, a montagem e edição do filme são razoavelmente confusas em cenas de diálogo e ação, parecendo que mesclaram as gravações antigas com as novas que foram feitas após as primeiras exibições do filme, algo que prejudica demais a fluidez e imersão.
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A trama do filme segue fortemente uma base de suspense e politicagem já mostrada em Capitão América: Soldado Invernal, porém de uma forma muito mais expositiva e fraca. O conflito mundial que Ross quer tentar evitar com a descoberta do Adamantium e a repartição igualitária entre todos os principais países do mundo poderia gerar uma trama com consequências globais, mas nem o vilão e nem o filme parecem se importar com isso. Parece uma trama mais geral, um núcleo que pode ser alternado a qualquer momento do filme e que preenche a lista de exigências do estúdio da Marvel, em que esse filme deve seguir uma mesma linha de sensações como o segundo filme do Capitão.
Não é necessariamente ruim, bem longe disso por sinal, mas assim como o filme todo, isso poderia ser muito bem trabalhado, executado e equilibrado com os outros núcleos do filme se ele estivesse em mãos melhores.
Capitão América: Admirável Novo Mundo não é o grande filme que faz a Marvel voltar aos trilhos, mas é longe de ser mais uma de suas catástrofes atuais. Ótima ação e personagens cativantes em contraste com um vilão esquecível com uma trama expositiva demais, até para o padrão de filmes de herói. Na mesma entonação que Ross diz para Sam, sobre ele não ser Steve Rogers, eu digo para esse filme: “Você não é Capitão América: Soldado Invernal”.
NOTA FINAL
3,5/5
★ ★ ★ ★
Autor: Bruno Navarro
Agradecemos a Disney e Marvel Brasil pelo convite!
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