CRÍTICA: CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ!
Frank Drebin Jr (Liam Neeson), um grande ídolo do Esquadrão de Polícia de Los Angeles, tem que salvar o mundo de uma ameaça liderada por um líder gigante do mercado de tecnologias, enquanto tenta descobrir como honrar o legado de seu pai.
Sendo uma sequência que parece mais um reboot da franquia, o filme dirigido por Akiva Schaffer consegue não só honrar com referências e piadas certeiras a antiga trilogia, mas também criar algo novo que possa agradar as novas gerações. Apesar de muitos personagens terem relações de sangue com protagonistas do passado, a produção foca em explorar um conceito novo, tornando o filme de fácil entendimento para aqueles que nunca assistiram a trilogia original.

Falando nos novos personagens, todos funcionam exatamente como devem, mas o destaque vai para Liam Neeson como Frank Drebin Jr, que entrega o mesmo carisma que fez seu antecessor no filme, interpretado por Leslie Nielsen, ganhar tanta popularidade: Seriedade com pitadas de exagero. Até chega a ser engraçado como tanto Lian como Leslie trilharam o mesmo caminho: ambos eram atores que se destacaram por papéis dramáticos, atingiram um público maior com filmes de ação e se distanciaram de tudo isso para fazerem personagens excelentes em comédias.
O trabalho facial e corporal são as coisas mais importantes na hora de se trabalhar com comédia, pois o ator (principalmente nessa franquia) precisa agir como se aqueles exageros e maluquices fosses algo que ele vê e passa todo dia, e por sorte Liam entrega para as telonas um detetive que nos faz acreditar que consegue comer uma arma e trocar de café a cada 5 minutos. Outros personagens mais secundários como Ed Hocken Jr (Paul Walter Hauser) e Beth Davenport (Pamela Anderson) cumprem seus papéis respectivos de melhor amigo e interesse amoroso com eficiência, apesar de não terem um destaque memorável.

Apesar do filme ter a proposta de resgatar a pura comédia, sem se misturar com outros gêneros, a produção conta com diversas sequências extensas de um romance bem construído a partir de tensões sensuais e aventuras compartilhadas pelo casal, e de combates surreais que te surpreendem a cada elemento apresentado.
O humor do filme segue por um caminho arriscado: continuar com o tom dos originais, mas também trazer esquetes com referências e uma pegada mais moderna, voltada um pouco para a internet. Incrivelmente, essa mistura resultou em uma sequência quase ininterrupta de piadas e trapalhadas de altíssimo nível. A comédia corporal, com elementos surreais e que brincam com efeitos práticos ou sentido literal de certas frases, continua com firmeza aqui e é definitivamente o ponto mais alto do filme. Entretanto, a adição de momentos com piadas de metalinguagem, sejam sobre atores ou a comunidade cinéfila, traz um ar de novidade para a franquia, solidificando muito o fato de que as produções focadas majoritariamente na comédia ainda podem existir, se reinventar e agradar tanto um público mais antigo como um mais novo. Apesar disso, o filme acaba deixando o ritmo leve e potente quando estende demais certas piadas de teor sexual.

Vale a pena destacar o excelente trabalho de dublagem que fora realizado pelo estúdio Iyuno, e dirigido pelo lendário Wendell Bezerra. Um dos trabalhos mais complicados de qualquer dublagem é a adaptação do texto para o português, principalmente quando é necessário trazer piadas ou gírias típicas do país de origem para o nosso. Felizmente, o filme consegue não só adaptar perfeitamente as piadas, mas também criar as famosas “pérolas da dublagem brasileira” que as vezes podem ser mais engraçadas do que as originais.
Corra Que a Polícia Vem Aí traz de volta as telonas um gênero puro que a muito tempo havia sido perdido, além de honrar uma das franquias de comédia mais populares do cinema. Piadas de tirar o fôlego e momentos memoráveis que vão se fixar na cabeça dos expectadores por dias fazem dessa continuação um verdadeiro espetáculo para as bochechas do rosto, que devem sair doloridas após tantas risadas.
NOTA FINAL
4,5/5
★ ★
Autor: Bruno Navarro
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