O filme dirigido por Woody Allen (Meia Noite em Paris) conta uma história romântica de ironia e destino, com diversas pitadas de comédia, quebras de expectativa e algumas atuações bem caricatas ao longo do caminho.
A trama segue Fanny (Lou de Laâge), que por um acaso do destino reencontra Alain (Niels Schneider), um antigo amigo do colégio, nas ruas de Paris. A partir daí, uma jornada de questionamentos de Fanny sobre seu atual casamento com Jean (Melvil Poupaud) e o ciclo de amizades que o compõem se desenrola por vários momentos cômicos, reflexivos e muito inusitados.
De cara o que mais chama atenção no filme é como ele se adequa ao estado emocional da protagonista. As cores frias e planos fechados durante cenas com Jean mostram sua insatisfação de uma vida rodeada por pessoas ricas e superficiais, enquanto as cores quentes e planos abertos durante os almoços com Alain demonstram o renascimento de uma chama amorosa que não se acendia a muitos anos. Essas mudanças estéticas também são aplicadas ao figurino, que segue um padrão francês já estabelecido pela indústria, mas ainda com um charme que se reflete em Fanny.
É perceptível como a paixão do romance entre Fanny e Alain é espontânea, imediata, e até um pouco apressada em alguns momentos. Porém, mesmo estando em um ritmo um pouco difícil de acompanhar, a química gerada pelo dois é contagiante e te prende por todo o filme. Em contrapartida, Woody Allen consegue mostrar claramente o desgaste de Fanny com seu atual casamento, e como Jean, apesar de amar sua esposa, não enxerga seus problemas e interesses, a fim de focar na construção de sua enorme réplica de uma ferrovia. Uma réplica tão grande quanto seu ego.
Um ponto importante para ser destacado aqui é o destino e a ironia da vida. Assim como no filme, provavelmente você já passou por isso. Encontrar um velho conhecido na rua, achar uma nota de dinheiro no chão, estar no lugar certo na hora certa. O roteiro utiliza desse assunto central proporcionado por Alain para submeter a trama a alguns momentos bem inusitados e chocantes que podem arrancar algumas risadas ou xingamentos.
Apesar de ter uma construção que se assemelha mais para um filme de drama, Golpe de Sorte em Paris proporciona algumas atuações bem caricatas em diversos momentos. Atuações essas que são comuns em comédias românticas “pastelão”, e isso pode gerar tanto um afastamento por parte de quem está imerso na trama, ou uma conexão com um público mais acostumado com esse tipo de filme.
Algumas atuações fora do padrão e um ritmo acelerado demais não são o suficiente pra desmerecer esse ótimo drama romântico que brinca com os acasos e ironias da vida para contar sobre como uma mulher insatisfeita com sua “vida perfeita” descobre novos e velhos ares para o amor.
NOTA FINAL
4/5
★ ★ ★ ★
Autor: Bruno Navarro
Agradecemos a O2 Play pelo convite!
1 Comentário
Vou assistir, parece interessante.