Um grupo de jovens ativistas decide invadir e vandalizar uma superloja doméstica durante a madrugada. O plano dá errado e eles terão que passar a madrugada presos com um segurança obcecado por caça primitiva.
Comandado pelo trio de cineastas François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karl Whissell (conhecidos também como RKSS), “Hora do Massacre” oferece um terror permeado com as (diversas) ansiedades da Geração Z. Um slasher clássico de olho no Zeitgeist.
A trama segue um grupo de jovens ativistas ecológicos durante uma noite. O plano do grupo é invadir uma popular loja de utensílios domésticos (bastante semelhante à Ikea americana) e espalhar pelo local mensagens que buscam conscientizar o público sobre o consumo desenfreado de produtos descartáveis.
O roteiro de Alberto Marini adere ao primeiro ato de slasher clássico. As futuras vítimas são apresentadas através de estereótipos que mais tarde iram ditar a ordem em que cada delas irá sucumbir frente ao assassino da vez. Já o algoz é um segurança frustrado que nutre uma obsessão nada saudável pela caça primitiva.
Ao se deparar com os jovens invasores, ele então decide proteger a loja caçando um por um. A inversão de alguns signos já sinaliza uma tentativa de subverter esse jogo. Dessa vez são as vítimas que possuem máscaras, não o assassino. A princípio os jovens que parecem estar bem equipados (mesmo que com armas de paintball) e permanecem em constante comunicação em cantos distintos da loja.
A maior sacada do roteiro está na forma como ele traduz as frustrações de uma juventude ansiosa e incerta do seu próprio futuro. Em contraponto o segurança assassino é retratado como uma corrente desenfreada de pura fúria, além de ser alguém saudoso por uma fantasia de hipermasculinidade que nunca viveu. O cenário da loja reforça o papel de um sistema econômico que diariamente fomenta essas tensões.
O tom é permeado por um ar um tanto cínico. Os jovens são retratados como ativistas de bandeiras justas, mas cuja a forma como escolhem expor suas reivindicações acaba sendo um tanto infantil. Essa perspectiva acaba se tornando um tanto frustrante pois acaba jogando para escanteio uma interessante oportunidade para falar sobre o assunto. E no final contribui para difusão de uma caricatura reacionária. Os adolescentes invasores no fim acabam não indo além de meros disruptores bidimensionais.
Um dos aspectos mais divertidos está no jogo de gato e rato que se segue pela segunda metade do longa. As armadilhas criadas pelo segurança são até bastante inteligentes. Perceber que elas foram concebidas com objetos que estão presentes em qualquer loja de utensílios domésticos acaba reforçando o humor macabro da produção. A boa edição também mantém a energia caótica até o final da projeção.
“Hora do Massacre” não tenta reinventar a roda, mas brinca de maneira satisfatória com a formula. Tem bons momentos de tensão, apensar da maioria das mortes serem um tanto tímidas no aspecto do gore. Nada superlativo mas certamente vale uma sessão.
NOTA FINAL
3/5
★ ★ ★
Autor: Raphael Aguiar