Baseado em três contos de George R. R. Martin, autor consagrado por Game of Thrones, Nas Terras Perdidas chega aos cinemas no próximo dia 17 com uma promessa instigante: unir elementos de fantasia, ficção científica, magia e faroeste em um mundo distópico e pós-apocalíptico. No entanto, apesar do terreno fértil para boas histórias e do apelo à diversidade de públicos, o filme falha em desenvolver qualquer uma de suas propostas de forma satisfatória — resultando em uma obra sem alma.

Logo de início, o longa apresenta uma ambientação visualmente curiosa, acenando para diferentes estilos e arquétipos que poderiam convergir em algo singular. Porém, a superficialidade com que esses elementos são trabalhados frustra qualquer expectativa. Questões como os poderes da protagonista Gray Alys (Milla Jovovich), o passado de Boyce (Dave Bautista), e a rivalidade entre o poder clerical do Patriarca Johan (Fraser James) e a Rainha Melange (Amara Okereke), são apenas pinceladas sem aprofundamento ou impacto real.
No centro da narrativa, Milla Jovovich repete o mesmo tipo de atuação que a consagrou na franquia Resident Evil: expressões fechadas, frases curtas e um certo mistério em torno de sua figura. A performance, embora eficiente dentro de um estilo, carece de frescor e densidade dramática. Bautista, por sua vez, retrocede em relação ao desempenho mais contido de Batem à Porta (2023), de Shyamalan, e entrega algo mais próximo do caricato Drax, de Guardiões da Galáxia — uma figura imponente, mas com pouca presença emocional.
Faltou força não apenas nas atuações, mas também no roteiro. O texto é repleto de clichês e relações mal construídas, que não sustentam o peso das tramas propostas. Em contrapartida, há uma tentativa clara de compensar isso com cenas grandiosas e carregadas de computação gráfica. Em muitos momentos, o espetáculo visual tenta preencher o vazio narrativo, mas tropeça na própria estética. A fotografia busca inspiração em obras como Sin City (2005) e 300 (2007), mas se aproxima mais do apagado Capitão Sky e o Mundo de Amanhã (2004), com baixos contrastes e uma iluminação excessivamente contida, tornando o filme em um breu artificial — talvez uma tentativa de disfarçar os abusos do chroma key.
‘Nas Terras Perdidas‘ começa com uma proposta promissora, mas logo mergulha em momentos vazios onde o visual não é suficiente, evidenciando a sua fragilidade durante sua construção de mundo, terminando de forma anticlimática. Com atuações pouco inspiradas, narrativa rasa e uma estética que mais confunde do que encanta, o filme deve encontrar espaço apenas pela curiosidade no streaming.
NOTA FINAL
1,5/5
★ ★
Autor: Leonardo Valério
Agradecemos a Diamond Films pelo comvite!
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