CRÍTICA | O BRUTALISTA
O Brutalista, de Brady Corbet, faz jus ao título ao adotar uma estética ousada e, em muitos momentos, impiedosa. Assim como o estilo arquitetônico que inspira seu nome, o filme apresenta um visual cru e impactante, criando uma experiência visual e emocional intensa.
A trama acompanha Lászlo Toth (Adrien Brody), um arquiteto refugiado da Segunda Guerra Mundial que chega aos Estados Unidos em busca de reconstrução. Brody entrega mais uma performance marcante, explorando sua especialidade em interpretar figuras atormentadas. No entanto, Lászlo não é um dos típicos heróis clássicos do cinema; ele carrega falhas que tornam sua jornada mais complexa. Conforme a narrativa avança, a empatia pelo personagem se desgasta, mas isso não enfraquece o filme — pelo contrário, adiciona camadas à sua construção.
Ao abordar as dificuldades enfrentadas por imigrantes e refugiados, especialmente judeus no pós-guerra, a obra nos coloca diante de dilemas morais que podem gerar reações distintas no público: alguns sentirão compaixão, enquanto outros poderão acabar se afastando emocionalmente.
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Dividido em duas partes separadas por um intervalo de 15 minutos, o filme opta por uma abordagem intimista em sua primeira metade, com enquadramentos fechados e um foco maior nas relações interpessoais. A arquitetura, peça-chave da trama, inicialmente fica em segundo plano. O roteiro destaca a relação entre Lászlo e o empresário Harrison Van Buren (Guy Pearce), que oferece ao arquiteto a chance de desenvolver um projeto ambicioso e, finalmente, obter o reconhecimento que lhe foi negado até então. Esse aspecto reforça um dos temas centrais da obra: o contraste entre talento e oportunidade dentro da sociedade americana.
A crítica social se intensifica em momentos visuais simbólicos, como uma festa em que Lászlo aparece com roupas emprestadas, enquanto a câmera passeia pelos trajes luxuosos e joias de seus anfitriões — muitos deles judeus que permaneceram prósperos no pós-guerra. O longa constrói um ambiente pesado e imersivo, abrindo pouco espaço para respiros cômicos. Algumas cenas, especialmente as que envolvem sexo, podem gerar desconforto, pois o prazer fica em segundo plano e dá lugar a dinâmicas de poder e dominação.
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Ainda que siga uma estrutura narrativa linear, o roteiro assinado por Brady Corbet, também diretor do longa, e Mona Fastvold não entrega todas as respostas de mão beijada. Algumas relações permanecem sutis, permitindo interpretações variadas — principalmente no que diz respeito aos Van Buren. No entanto, o filme mantém o espectador envolvido até o final, exigindo, em determinados momentos, uma certa tolerância para lidar com as violências apresentadas.
NOTA FINAL
4,5/5
★ ★ ★ ★ ★
Autor: Leonardo Valério
Agradecemos a Universal Pictures pelo convite!
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