Documentário é a arte de observar uma realidade através da óptica da câmera. Não necessariamente precisa ser composto de dados e estatísticas que, em diversos casos, os fazem insossos, chatos e repetitivos.
Que não é o caso de “Terra de Ciganos”. Em tal obra, há todo um contexto sociopolítico e religioso pautado, mas não apresentado com informações extremamente scriptadas sendo jogadas em tela.
Por intermédio da câmera, é acompanhada a vida nua e crua do povo cigano. Se eles vão viajar, vão procurar emprego, vão exercer sua função de “nômade”, são todos, ao final, registrados pela fotografia da obra, árida e sem muitas reinvenções que denotam o cru de uma vida inteira.
De fato, é uma produção que foca no verossímil, que não tenta apresentar novas propostas de documentação de fatores históricos e que sabe o que mostrar ao público em relação à cultura cigana, muito pouco difundida no âmbito social.
Por onde os mesmos viajam, o porquê de cultivarem o nomadismo voluntário, suas roupas e a maneira como vivem tanto em territórios urbanos e rurais são somente algumas das coisas exploradas em sua questão conteudista.
Já em sua forma, o que é mais explorado é o preceito. Parece que uma sombra constante no meio do dia persegue tais povos, os quebrando todos os dias. O cinza e a aridez dos ambientes rurais favorece tal narrativa. Quase como se não houvesse saída dessa situação, algo que atinge todos.
Ao final, o longa acaba por, de fato, denotar uma realidade a qual não é usual e extremamente diferente do âmbito normativo, mas comum para muitos, não apresentando dados, mas imagens que falam por si só.
Em suma, “Terra de Ciganos” não ousa e nem tenta tal coisa, mas acaba por conseguir ambientar e imergir o público em uma realidade diferente da exposta todos os dias em maioria.
NOTA FINAL
3.5/5
★ ★ ★ ★
Autor: Lucas Leite Tinoco
Agradecemos a Pandora Filmes pelo convite!