À medida que a temporada de tempestades se intensifica em Oklahoma, os caminhos de uma ex-caçadora de tempestades e de um imprudente meteorologista acabam colidindo. Ambos precisaram unir forças frente a fenômenos naturais aterrorizantes.
Uma pseudo-sequência/reboot de um dos maiores sucessos dos anos 90, “Twisters” se conecta com seu predecessor através da sua vibrante energia vintage de matinê. Uma aventura tão romanticamente retrô que no fim chega a ser revigorante.
A escolha de Lee Isaac Chung, do premiado drama “Minari – Em Busca da Felicidade”, para direção pode até levantar uma pulga atrás da orelha.
Mesmo que superficialmente ambos sejam extremamente distantes, “Twisters” consegue conversar com o intimista drama de 2020 de maneira bastante agradável. Chung e o diretor de fotografia Daniel Mindel passeiam pelas belas paisagens rurais do Oklahoma afim de revelar os rostos que formam aquela comunidade. Gradativamente se cria um retrato de uma américa idealista e resiliência quando se trata de preservar raízes.
Os gigantescos tornados surgem como um reflexo de um cenário ecológico cada vez mais alarmante, o que acaba abrindo espaço para debater o papel do capitalismo predatório nesse caos ecológico. A aventura segue Kate (Daisy Edgar-Jones), uma ambiciosa caçadora de tornados que sonha em criar uma maneira de “domar” tornados e assim impedir futuras catástrofes.
Após uma tragédia, Kate abandona esse projeto e foge para Nova York. Cinco anos depois, Javi (Anthony Ramos), um velho amigo (e sobrevivente do mesmo episódio) convida Kate para se juntar a um revolucionário projeto de mapeamento de tornados, financiado por uma grande empresa e com a ajuda de equipamentos militares. Voltando para sua terra natal, não demora muito para dupla se deparar com Tyler Owens (Glen Powell) e sua equipe de caçadores extravagantes.
O roteiro de Mark L. Smith (O Regresso) consegue lançar uma luz sobre o poder destrutivo desses desastres naturais de diferentes maneiras. A primeira cena, quando vemos Kate testar pela primeira vez sua teoria, é brutal e assustadora. A trama também dedica um bom espaço para mostrar o impacto que a devastação causa na comunidade, tanto emocionalmente quanto culturalmente. Nem mesmo alguns diálogos expositivos e o linguajar cientifico dos caçadores de tornados são capazes de tirar uma certa aura mística dos tornados.
Um inspirado trio de protagonistas consegue deixar a trama mais emocionante mesmo quando a ação está ausente. Daisy Edgar-Jones e Glen Powell preenchem a tela de carisma e química. A maneira totalmente oposta com que esses personagens enxergam uma paixão similar suficientemente interessante para segurar a atenção do espectador. Já o Javi de Anthony Ramos traz consigo questionamentos éticos interessantes. Seu personagem parece exemplificar as armadilhas morais que residem nas boas intenções.
Assim como no longa original, temos aqui um belíssimo elenco de apoio para fornecer bons momentos de humor. Katy O’Brian, Brandon Perea e David Corenswet tem pouco tempo, mas são utilizados de forma eficiente.
As sequências de ação por sua vez são inspiradas. Chung tem um olho surpreendente na Decupagem, alternando planos abertos capazes traduzir a escala e a brutalidade do poder dos tornados e momentos mais íntimos que ilustram todo o horror que eles inspiram no coração de quem precisa lutar para sobreviver a esses eventos.
Junto com um designe de som arrebatador eles se tornam vórtices feitos da ira dos deuses. O desastre é retratado de forma estilizada, mas sem cair nos exageros presentes em outros filmes de desastre ecológico.
“TWISTERS” é um blockbuster com carisma e coração de sobra. Suas modestas ambições narrativas são preenchidas com emoções genuínas. Uma aventura que tem prazer em investir parte do seu tempo com as idiossincrasias de seus personagens, consequentemente tornando a ação bem mais interessante.
O longa estreia hoje (11) nos cinemas de todo o Brasil.
NOTA FINAL
4/5
★ ★ ★ ★
Autor: Raphael Aguiar