CRÍTICA: NÃO SOLTE!

O filme ‘Não Solte!’, de Alexandre Aja, é um misto drama familiar com terror psicológico e sobrenatural. Logo no início do filme somos introduzidos às regras desse mundo e aos personagens: o mundo foi tomado por um mal que torna qualquer um que é tocado por ele em um ser maligno e violento, mas a família protagonista é protegida por uma casa abençoada e uma corda ligada à mesma, que não pode ser solta em hipótese alguma caso os personagens estejam fora da casa.

A mãe, June (Halle Berry) e as duas crianças, Samuel (Anthony B. Jenkins) e Nolan (Percy Daggs IV). vivem da caça e exploração da floresta ao redor, com a ajuda de seu fiel cachorro.

Somos apresentados também aos diversos rituais religiosos da família, que remetem bastante ao filme ‘A Vila’, de M. Night Shyamalan, e à uma crescente dúvida de Nolan quanto à sanidade de sua mãe e a veracidade da história contada, essa questão é desenvolvida de uma forma claramente inspirada por ‘Rua Cloverfield, 10’, de Dan Trachtenberg, mas apesar das referências serem claras, o filme em momento nenhum cai na armadilha de se tornar uma cópia de outros filmes, pelo contrário, o filme subverte as expectativas e faz algo original.

A fotografia belíssima de Maxime Alexandre e a trilha de Robin Coubert, que mescla tons que remetem ao terror clássico com ritmos mais modernos, criam uma atmosfera aterrorizante e cativante que fica cada vez mais claustrofóbica e assustadora com o decorrer do filme.

As atuações são o aspecto mais admirável do filme, Halle Berry entrega aqui uma atuação complexa e cheia de camadas, June é uma personagem difícil de digerir, complexada e com um passado obscuro, e Halle Berry entrega com maestria a dualidade da personagem, que constantemente transita do amor ao ódio, do carinho à violência e da felicidade à melancolia.

Entretanto as reais estrelas aqui foram os atores mirins Anthony B. Jenkins e Percy Daggs IV, que impressionam demais com suas emocionantes atuações, conseguindo transmitir uma grande gama de emoções, as duas crianças roubam a cena, principalmente na segunda metade do filme.

A maior parte do filme faz o espectador questionar o que é real ou falso naquele mundo, questionar se o mal sequer existe ou se é tudo invenção da mãe das crianças, dúvida compartilhada até pelos próprios personagens, e esse mistério é apresentado de forma extremamente interessante e cativante, até chegar no último ato, onde o filme finalmente traz respostas às perguntas apresentadas, entretanto, as explicações e exposições do final do filme são decepcionantes e te levam a pensar se possivelmente o filme não teria se beneficiado mais de deixar algumas coisas em aberto.

Um ritmo falho e um terceiro ato decepcionante felizmente não arruínam a experiência do filme ‘Não Solte!’, que ainda conta com personagens cativantes, uma atmosfera aterrorizante e uma premissa interessantíssima, uma boa pedida para os amantes do terror e dramas familiares.

NOTA FINAL

3,5/5

★ ★ ★ ★

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Autor: Youssef Hálim

Agradecemos a Paris Filmes pelo convite!