CRÍTICA: VIVA A VIDA
Viva a Vida! é um filme de comédia nacional que narra a história de Jéssica (Thati Lopes, Fala Sério, Mãe!), uma jovem carioca, órfã, que trabalha em uma loja de antiguidades. Por acaso, ela descobre que talvez tenha avós maternos em Israel e pede ajuda ao primo distante Gabriel (Rodrigo Simas, Malhação – 2012) para encontrá-los. Sua motivação inicial é a possibilidade de receber uma herança, mas, ao longo da viagem, Jéssica vai desvendando não apenas as histórias do passado de sua família, mas também aprofundando suas relações com as pessoas que encontra pelo caminho.
O filme apresenta várias características típicas de comédias nacionais, caindo muitas vezes no tão habitual clichê novelesco, mas sem cair na monotonia. O elenco principal se destaca, entregando performances equilibradas entre o drama e o humor. Thati Lopes brilha como protagonista, com um excelente timing cômico e surpreendentes momentos dramáticos. Rodrigo Simas também se sai bem em suas cenas de comédia. O casal Jonas Bloch (O Palhaço, A Grande Família) e Regina Braga (O Casamento de Romeu e Julieta, O Primo Basílio) rouba a cena, sendo peças-chave para o desenvolvimento da trama.
Outro ponto de destaque é a ambientação em Israel, que se torna um elemento essencial tanto na narrativa familiar quanto no amadurecimento da protagonista. A direção de Cris D’Amato (SOS Mulheres ao Mar) acerta ao trazer elementos importantes da cultura israelense de forma fluida e respeitosa, sem apelar para estereótipos. O filme explora pontos turísticos icônicos e costumes judaicos, mostrando um cuidado evidente no estudo e na representação.
Um único ponto que realmente nos incomodou no filme é a praticamente desnecessária ênfase no personagem vivido por Diego Martins, que faz Ramírez, o “gay chaveirinho” que tem de comentar tudo com acidez. Ele mais parece uma caricatura dos personagens que Paulo Gustavo costumava interpretar do que um personagem essencial para a trama. O personagem aparece como parte de um subnúcleo de turistas brasileiros que ocupa mais tempo de tela do que acrescenta à história. Isso é especialmente evidente no final, quando ele se torna uma espécie de narrador, comentando e gritando o que acontece em cena, em uma linguagem nitidamente televisiva, que destoa de um roteiro mais cinematográfico.
No entanto, ao final, o filme tem muito mais acertos do que desvios. Viva a Vida! é uma comédia sem grandes pretensões, que não se preocupa em se levar a sério. Com toques de drama familiar e seguindo uma fórmula conhecida, certamente conquistará o público com leveza e diversão.
NOTA FINAL
3/5
★ ★ ★
Autores: Daniel Castilhos (diretor e roteirista) e Malu Hana (atriz)
Agradecemos a Elo Studios pelo convite.
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