CRÍTICA: A VERDADEIRA DOR
A VERDADEIRA DOR, escrito e dirigido por Jesse Eisenberg (Truque de Mestre, 2013), usa como ponto de partida uma viajem catártica de dois primos em luto pela avó, visitando sua terra natal, Holanda, para através dela, testemunharmos vários tipos de luto e um luto eterno que une a todos, não só os personagens do filme, como nós espectadores, como seres humanos. A dupla central de Eisenberg como David, um chefe de família que sai de Nova York com seu primo Benji (o impressionante Kieran Culkin da série Succession), um homem aparentemente sem rumo na vida, são os guias para atravessar a densidade emocional que é o filme.

Jesse Eisenberg que já tem uma extensa carreira, sempre foi um ator monocórdico. Seus personagens com textos longos e rápidos, ineptos física e socialmente em uma constante que você não precisa assistir um trailer de um filme que ele participe, para saber o tipo de personagem que ele apresentará, funciona demais nesse longa. A sensação é que ao escrever o filme, ele com toda a noção de si mesmo, criou o personagem Benji, que Culkin deu vida de uma maneira irrepreensível.

Eles são contraponto um do outro e muito conectados, todo o retraimento de David só coloca mais em evidência o ótimo personagem Benji. Toda a passionalidade, franqueza exacerbada e desprendimento social ficam muito mais expostos tendo David do outro lado da balança e isso transborda da tela muito bem. O filme, enquanto trata da dor em suas diferentes formas, através dos personagens principais e coadjuvantes, instiga ao pensamento algumas questões que estão sempre em debate, tais como se é errado sermos capazes de sentir felicidade enquanto houve, há e haverá dor no mundo para o próximo.
Se devemos sentir culpa ou não e se sim, até que ponto. Sabiamente o roteiro só faz as perguntas e não dá nenhuma resposta, isso fica por conta de cada um de nós. Falando em respostas, também não há muitas explicações para o as motivações de Benji, as causas de seus demônios internos, a história é muito vaga nisso, personagens secundários tem até mais “background”. Vale o destaque, para a sensibilidade em cada aspecto da produção.

Por se tratar de uma viagem sobre holocausto, não nenhum momento que chegue ao menos perto de um sensacionalismo, até a trilha sonora que é bem suave, cessa completamente em um dos momentos mais sóbrios historicamente do filme. Sim, as referências histórico/geográficas tem uma função maior do que apenas locações. Emocionalmente denso sem ser emocionalmente exaustivo, A VERDADEIRA DOR é tocante, reflexivo e diverte.
NOTA FINAL
4,5/5
★ ★ ★ ★ ★
Autor: Leonardo Valério
Agradecemos a Disney pelo convite!
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