CRÍTICA: AQUELE QUE HABITA EM MIM
Estreia nessa semana no serviço de streaming Adrenalina Pura o longa de Jerren Lauder, o filme Aquele que Habita em Mim, protagonizado por Odessa A’Zion ( Estou Bem ? ), Leslie Bibb ( Homem De Ferro ), Lizze Broadway ( Gen V ) e Dermot Mulroney ( Stoker ). Um elenco bem equilibrado positivamente que ilustra um dos filmes mais insuportáveis do gênero, pelo menos, desconsiderando os trashs, que ao menos, ganham pontos pelas inclinações mais assumidas ao nonsense.
Em Aquele Me Habita, o nonsense é somente o roteiro vazio do Kevin Bachar, e a sua sustentabilidade se restringe a insights de jumps scare previsíveis que jamais empolgam dentro de um envelope clichê de amálgamas em zigue-zague sobre insanidade e barbarismo em off. É um arquétipo de cinema que vai se construindo em chutes aleatórios para tentar ganhar o público por algum aspecto que milagrosamente possa funcionar. Mas não funciona.

O grande problema passa a ser o roteiro que mitiga uma introdução a problemática de forma tão longa e confusa que se perdura um infindável tédio durante os eus primeiros quarenta e cinco minutos, quando a protagonista Tara, interpretada por Odessa A’Zion, começa a se questionar sobre sintomas de esquizofrenia, que a leva a creditar tudo isso a uma suposta maldição antiga da família.
A questão toda é que no passado, a cidade de Fall River, no Massachusetts, testemunhou um crime bárbaro, onde duas crianças foram mortas por machadadas pela própria mãe, Lizzie Borden, e que na dúvida se o caso fora ocasionado por uma manifestação esquizofrênica ou se por uma possessão demoníaca, toda a linhagem dos Borden passou a ser assolada pela teoria de que havia uma maldição misteriosa que faria com que os descendentes de Lizzie se tornassem assassinos lacaios do demônio ou algo assim.

Esses questionamentos são absolutamente pueris dentro da trama, já que o roteiro contextualiza muito pouco do porque a maldição é a opção real dentre a possibilidade de um surto psicótico animalesco. E ele faz o mais ridículo. Intercala cenas de assassinatos picotados, angariados por um direção que tenta conseguir mistério através dos cortes bruscos, mas que imprime somente uma sensação de covardia perante ao gore, e insights em flashbacks que não explicam nada, apenas aparecem como desculpa de alguma estilização barata de filme de terror. Até existe uma explicação de que há um espírito que vaga de mulher pra mulher para matar em seu nome, mas a relação total disso com a protagonista é praticamente nula.
A gente só vê algumas mortes na subcamada do roteiro, em lugares aleatórios, atacando pessoas aleatórias, enquanto no drama principal, a protagonista anda de lá pra cá lidando com problemas familiares e desabafos em choro que só cansa o enredo. O thriller do texto é praticamente morto pela aleatoriedade e a problemática superficial é terrível. Vira um cabo de guerra entre a ação ruim e a dramaticidade tediosa.

Os insights repetitivos que precisam a todo instante aparecer para lembrar o telespectador que a Tara tem algum problema sobrenatural ainda enxuga a expositivadade quase nua do roteiro, o tornando ainda mais previsível e tosco. A investigação policial que justifica o protagonismo da Tara, mesmo com pouquíssimo desenvolvimento e lógica dentro da trama, aparece como um link para os assassinatos ( que jamais se conectam) ao passado dos Borden, mas tudo é tão desviado de qualquer coisa, que nem dá pra entender direito o foco do filme.
É engraçado pensar que como um filme de terror ele não assusta nem um pouco, pela censura desnecessária do sangue e dos jumpscares ( e a aleatoriedade de tudo ), como um thriller é bem mal feito, porque a perseguição é feita de modo randômico, com efeito na protagonista só no último ato, e como entretenimento é falho, porque não é divertido, e seu ritmo é bastante desbalanceado pela introdução arrastada de dilemas relacionados a insanidade da personagem principal.

Acaba sendo até pior que qualquer trash que eu tenha visto, porque nem o fator deboche ele te entrega. É uma história aleatória, confusa, sem ritmo, sem objetivo, e sem susto. A única coisa que ele acaba deixando clara e que deixa como sugestão levemente arquitetada é o interesse romântico da melhor amiga de Tara, Suzy, e que acaba justificando a atuação melada de progesterona da Lizzie Broadway. Mas assim como toda a lógica desse roteiro intragável, o sadomasoquismo masturbatório que ilustra esse desejo lésbico, só casa mesmo com a necessidade do filme em ter imagens gratuitas de impactos desconexos com a narrativa.
NOTA FINAL
1/5
★
Autor: Flávio Júnior
Agradecemos o Adrenalina Pura pelo convite.
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