Essa sequência do aclamado filme de 2007 traz uma sangrenta disputa entre um líder de facção e um chefe italiano pelo controle da prisão onde estão detidos e o privilégio de serem servidos pelo talentoso cozinheiro Raimundo Nonato.
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Dezessete anos após o lançamento do cultuado “Estômago” eis que o cineasta Marcos Jorge resolve revisitar o universo do icônico nordestino Raimundo Nonato, vivido brilhantemente por João Miguel. A sequência, subintitulada “O poderoso Chef” abraça um hiato semelhante, começando com um Nonato que confortavelmente trafega entre os diferentes poderes do presidio.
Tido como um chef respeitado no ambiente carcerário, Nonato cativa o paladar desde o diretor da penitenciária (e sua secretária) até o bandido mais temido da cadeia, Etecetera (Paulo Miklos). Ele funciona como os olhos e ouvidos do local. Alguém que silenciosamente zela pela diplomacia e pela paz entre esses dois polos. Toda essa dinâmica muda com a chegada de um infame mafioso italiano Dom Caroglio (Nicola Siri), que traz consigo todos os ritos da Cosa Nostra, criando atrito com as facções presentes no presídio.
A introdução desse “tempero” italiano não demora muito para amargar o paladar. Nonato é reduzido de alma para um coadjuvante de luxo no seu próprio universo. Toda a narrativa passa a construção de paralelo da estadia de Dom Caroglio com flashbacks que remontam suas origens na Itália, quando trabalhava como chef de um restaurante especializado em culinária brasileira. Algo semelhante ao que foi feito no longa original, sendo que aqui a trajetória de Caroglio não chega nem perto de ser tão interessante quanto foi a de Nonato.
A impressão que fica é que Marcos Jorge queria mesmo é fazer um filme sobre a máfia italiana e por alguma razão – provavelmente financeira – se sentiu compelido a misturar esse projeto de alguma forma com o universo do longa original. A visita para Itália rende boas brincadeiras e referencias visuais a grandes histórias da máfia. Mas o clima novelesco que impera nesse núcleo torna esses flashbacks desinteressantes na maior parte do tempo. Não demora muito para se tornar um pastiche.
Quem se sai melhor nessa trama é a atriz e cantora italiana Violante Placido no papel de Valentina, a devotada filha de um poderoso mafioso que precisa lutar para impor o seu lugar na família e em universo masculino. De longe o pedaço mais dramaticamente interessante do longa. É sempre bom dar uma mexida na receita. Mas fazer uma sequência de “Estomago” a moda europeia não parece ter sido a melhor ideia. No final fica gosto um tanto agridoce.
Com ingredientes que parecem funcionar apenas de forma isolada. Não é forte o suficiente para conquistar novos fãs e parece ter sido feito apenas para alienar aqueles que amam o filme original. Fica a dúvida do motivo que levou a requentem esse universo.
NOTA FINAL
2,5/5
★ ★ ★
Autor: Raphael Aguiar
Agradecemos a Paris Filmes pelo convite!