A diretora Ishana N. Shyamalan trás para seu filme vários elementos presentes na filmografia de seu pai, M. Night Shyamalan, tanto os bons quanto os ruins.
Logo de cara é importante ressaltar vários elementos da condução da Ishana que nos coloca em um clima de suspense que deixa o público bem encasquetado, te jogando em uma fantasia de terror da qual você não entende muito bem o que se passa, como e porque.
A situação apresentada aqui, assim como nos filmes do M. Night, é extremamente angustiante sem precisar apelar para um horror mais gráfico ou subjetivo, visto que a fantasia aqui, oprime os personagens em uma situação que o expectador não tira da cabeça a seguinte pergunta “como escapar disso?”.
Ishana demonstra ter também muito talento para desenvolver cenários propícios para o terror, desde a forma como filma a floreste que sempre parece está em constante movimento para desorientar os personagens e a sala com uma janela que na parte de dentro reflete a imagem da sala e na parte de fora possibilidade uma visão de dentro da sala.
Todas as cenas envolvendo o espelho são extremamente vivas e parece que você está vendo dois organismos vivos, sem conseguir distinguir quem é o personagem de fato e quem é o reflexo, e isso tudo está diretamente ligado a mensagem do filme sobre identidade, auto aceitação e como devemos encarar nossos demônios olhando para nós mesmos.
Infelizmente para minha surpresa, a Ishana aos poucos vai abandonando a ambiguidade e o suspense de sua premissa e vai te explicando todas as regras fantásticas do universo apresentado, não deixa de ser um universo interessante e foi bem legal vê um conceito que raramente é visto no terror, acoplado ao gênero.
Mas por conta dessa ânsia de deixar tudo mastigadinho, o filme acaba indo ladeira abaixo aos pouco, tendo assim um desfecho bem ruim é previsível. Até a forma de expor informação para o expectador é artificial e pouco sútil, não só pelo fato de ser tudo verbalizado gratuitamente em várias cenas como também pela informação sempre vim diluída.
A Dakota Fanning que faz a protagonista fica bem comprometida acredito eu por conta da condução da direção, é uma personagem muito fria e esbanja poucas emoções para a situação em que se encontra, além de ter um desenvolvimento de personagem nem genérico para os filmes do gênero ultimamente. O expectador fica muito mais interessado no filme pela ocasião criada para o filme do que pela protagonista que estamos acompanhando.
Os Observadores é um filme curioso porque há muito para se gostar aqui mas também há muito para se odiar e para mim sempre se manteve nesse constante equilíbrio.
NOTA FINAL
3
★ ★ ★
Autor: Januí Oliveira