CRÍTICA | NOSFERATU
102 anos depois de sua estreia, que lhe deu a alcunha de “filme ilegal mais famoso da história”, temos a oportunidade de assistir mais uma versão de Nosferatu. Chegando pelas mãos do talentoso Robert Eggers (O Farol). Após cumprir a praxe de cena impactante inicial, o filme não se deixa levar pelos costumeiros “sustos” que hoje em dia quase não surpreendem ninguém. A ideia é manter o espectador em um estado de tensão constante e crescente, desde o comportamento impertinente do Herr Knock (Simon Mcburney, Invocação do Mal 2), até os últimos momentos com o Conde Orlok (Bill Skarsgard, It – A Coisa).
Apesar de boa parte do início do filme terem cortes que mostram a desorientação do personagem Thomas Hutter (Nicholas Hoult, Jurado N° 2) incomodarem um pouco, como se fosse uma edição ruim, isso passa após o primeiro encontro com o Conde. A partir daí é um jogo de enquadramentos que mostra e não mostra ao mesmo tempo, atiçando a curiosidade da audiência a respeito do visual do vampiro. A tensão no desenrolar dos fatos tem um interessante termômetro que é a palheta de cores que vai de um colorido mais quente, descendo até o preto e branco total, sempre remetendo o subconsciente a origem centenária desse filme na história do cinema.
As atuações são performances bem diferentes: Ellen Hunter (Lily-Rose Depp, O Rei 2019) traz algo bem teatral, talvez por ter muitos monólogos, mas quando contracena com alguém, mantém esse tom, até mesmo nos momentos de maior carga emocional. O Thomas de Hoult, passa um medo tão paralisante em boa parte do filme que fica difícil acreditar que alguém tão dócil seja capaz de enfrentar tamanho mal, e aí a gente torce por ele. Já o Orlok de Skarsgard, compensa a falta de foco nos detalhes da forma física do Conde na maior parte do filme, com alguns detalhes bem legais, tais como um sotaque bem carregado em uma voz arranhada, com uma respiração pesada, quase asmática.
Quando há foco para podermos ver a figura detalhada de Orlok, a primeira coisa que se sente é asco, e essa sensação é evocada durante todo o filme, alternando e até mesmo de maneira concomitante com uma boa carga de lascívia. A maioria é pedida nas cenas, mas algumas ficam meio que um pouco desconexas e uma, parece ter sido feita para testar a mente do espectador, o diálogo não tem conotação sexual, mas a forma que foi interpretado, sim.
O filme tem uma ótima ambientação e não tem a mesmice que está fazendo o gênero agonizar há décadas, vale o ingresso.
NOTA FINAL
4/5
★ ★ ★ ★
Autor: Leonardo Valério
Agradecemos a Universal Pictures pelo convite!
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