CRÍTICA: SEM CHÃO
Sem Chão aposta num paralelo á 20 Dias Em Mariupol para uma abordagem vitimista com contornos dramáticos importantes.
Assim como no longa do Mstyslav Chernov, que inclusive venceu na categoria de melhor documentário no Oscar passado, o quarteto de diretores, formados por dois palestinos e dois israelenses, permitem ao telespectador um imersão sofrível, mas ao mesmo tempo necessária sobre a ocupação na faixa de Gaza e as ações militares de Israel.

O filme funciona como uma lavagem política para o mundo em busca da absorção de um conhecimento inadequadamente normalizado, em que se seletiviza os lados de um conflito, onde toma as dores de um país genocida sem o medo pudor.
O intuito é definir,através de um emaranhado de documentações nuas e cruas de acontecimentos bárbaros nas frontes desse conflito, que a guerra banal é a pior de todas, porque se torna propagantária aos olhos dos líderes de estado, mas puramente sofrível para os inocentes e as famílias atingidas.

O filme ainda tira tempo para desenvolver uma redação interessante sobre a realocação territorial que motiva toda a catástrofe armada que assola a documentação.
A direção composta amplifica e reissignifica ,sob um variável contexto político, essa ideia de câmera-denúncia de auto risco, que permeia a catástrofe de uma localidade política á abrir para o mundo o escárnio de uma ideologia extrena quase sempre equivocada sobre a guerra.
É um documentário que enxerga a necessidade de policiar o contexto e a abominar a justificativa risível de genocídio seletivo. Pra isso, não teme a descrição frontal dos eventos, e nem tampouco quer ser receoso numa frente jornalística.

Sem Chão acaba sendo uma obra pesada, mas de cunho político bastante importante, e que conserva as potencialidades quase sacrificiais de visões extremas de realidades em conflito, onde a desinformação troca a cooperação adversa por uma romantização seletiva equivocada.
Sem Chão é o cinema de desespero feito para acordar uma parcela considerável de gente que acha que vidas são meras estatísticas presas em alcunhas nacionalistas, nas quais, quase sempre, nem sabem o que significam, geopoliticamente.
Um trabalho árduo, porém absolutamente perfeito naquilo que se direciona e se veste a ser.
NOTA FINAL
4,5/5
★ ★ ★ ★ ★
Autor: Flávio Júnior
Agradecemos a Synapse Distribution pelo convite!
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