CRÍTICA | A HORA DA ESTRELA
A Hora da Estrela, de 1985, que foi remasterizado pela Sessão Vitrine Petrobras, volta aos cinemas, e sua restauração preserva este exemplo do cinema oitentista nacional para a posteridade.
Na adaptação do homônimo de Clarice Lispector, o premiado longa, nacional e internacionalmente, apresenta a performance vencedora do Festival de Brasília de 1985 e do Urso de Prata de 1986 de Marcélia Cartaxo como Macabéa, uma jovem de 19 anos, migrante ignorante, mas curiosa, vivendo uma vida simples e apagada, que consegue te fazer sentir pena e irritação ao mesmo tempo. Aliás, o filme é multipremiado tanto no Brasil quanto no exterior.
Muito centrado na protagonista, o filme usa praticamente todos os outros personagens como suporte para a narrativa principal, o que lhes confere um tom meio opaco. Mesmo personagens com histórias um pouco mais desenvolvidas, como a secretária Glória (Tamara Taxman), com suas aventuras amorosas, só passam a fazer parte da história quando têm a ver com Macabéa. Destaque para a participação marcante de Fernanda Montenegro como a cartomante Madame Carlota, que, como em qualquer trabalho que faz, rouba a cena.
O filme é um retrato vívido de como algumas pessoas podem simplesmente passar pela existência sem realmente fazer parte dela. Ao ver Macabéa em sua rotina, sem fazer parte de verdade do mundo e sem entender as coisas à sua volta, nem a si mesma, chegando ao ponto de reclamar que está “com dor” sem perceber que o que sente é angústia ou depressão.
O filme foi restaurado em 35 mm e agora está preservado para sempre, não só como uma premiada obra de arte, mas também como uma cápsula do tempo, mostrando um pouco do Brasil de 40 anos atrás.
NOTA FINAL
4
★ ★ ★ ★
Autor: Leonardo Valério
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