Crítica | Wicked – Adaptação feita com total reverência
Desde 2003, os imensos anúncios do musical “Wicked” estamparam os prédios da Time Square, em Nova York. Foi o espetáculo musical com a segunda maior bilheteria da história da Broadway. Mesmo antes da adaptação cinematográfica sequer ter sido especulada, era notável o apreço e exposição do público ás inúmeras referências do musical na cultura pop nas últimas duas décadas.
Uma mistura de prequel e sequência de “O Mágico de Oz”, “Wicked” gira em torno da improvável amizade entre Elphaba (Cynthia Erivo) – mais tarde conhecida com a Bruxa Malvada do Oeste – com Galinda, ou Glinda, a Boa (Ariana Grande).
Ambas se conhecem após se tornarem colegas de quarto na Universidade Shiz, em Oz. Apesar de ser constantemente hostilizada por conta da sua pele esverdeada, Elphaba nasceu dotada de poderes mágicos extraordinários. Isso faz com que ela chame a atenção de Madame Morrible (Michelle Yeoh), que a toma como sua protegida, para que um dia Elphaba possa ficar frente á frente com o próprio Mágico de Oz.
Os fãs do musical podem ficar aliviados, o longa de Jon M. Chu (Em um Bairro de Nova York) referencia muito bem as suas origens. Vale mencionar que apesar dos seus 160 minutos de projeção (5 minutos a mais do que a peça) essa é apenas a primeira metade do musical. Ainda assim, nenhuma canção original foi adicionada e o esqueleto narrativo do ato um foi mantido de forma quase que intacta.
O filme expande alguns momentos dramáticos, adiciona mais informações sobre a infância de Elphaba e também elabora melhor as tensões políticas que permeiam Oz. São adições que permitem ao público inexperiente , em relação á peça original , um relacionamento mais rico com aquele universo, ainda que peque em determinadas conclusões narrativas que se tornam carentes de melhor trato.
Cynthia Erivo e Ariana Grande são o coração desse espetáculo, conseguindo homenagear as Glindas e Elphabas do passado e ainda assim adicionar algo inédito. Erivo tem a chance de explorar toda solidão e as feridas emocionais que Elphaba carrega de forma mais interiorana. Já Grande demora um pouco para achar o tom perfeito da sua Glinda. Tudo muda após o número “What Is This Feeling?”, lugar onde o timming cômico floresce e sua química com Erivo encontra o equilíbrio perfeito.
O maior problema de “Wicked” , porém, aparece através de algumas escolhas visuais duvidosas, seja pela iluminação ou o uso de CGI, que acaba diluindo o impacto dramático do clímax do filme. Infelizmente essas são escolhas que deixam algumas cenas com um certo aspecto nublado e consequentemente artificial de um jeito incômodo, aproximando a produção – pelo menos esteticamente – de blockbusters datados como “Oz: O Grande e Poderoso”, e não com a beleza atemporal de “O Mágico de Oz”. Mas nem isso é capaz de roubar toda magia que “Wicked” reserva.
Essa é uma adaptação feita com total reverência ao material base e aos fãs que cultivou durante os anos. É um prazer perceber que todas as canções continuam tão contagiantes quanto no primeiro dia, e que ainda existe um certo mistério por trás da cortina do mágico.
NOTA FINAL
4/5
★ ★ ★ ★
Autor: Raphael Aguiar
Agradecemos a Universal Pictures pelo convite!
Confira outros artigos:
Compartihar:
Publicar comentário