Carnificina: A Gênese do Mal e Sua Ascensão como Vilão Letal
Carnificina, um dos inimigos mais mortais do Homem-Aranha, é uma figura aterrorizante que transcende a crueldade de Venom, agindo sem qualquer senso de consciência ou simpatia. Este supervilão homicida mata por puro prazer, desfrutando da violência, o que o torna ainda mais assustador e repugnante. Recentemente, o personagem fez sua estreia nos cinemas em “Venom: Tempo de Carnificina“, interpretado por Woody Harrelson, após uma aparição como Cletus Kasady no filme anterior.
A gênese de Carnificina reside em Cletus Kasady, um indivíduo profundamente perturbado, psicopata e sádico com um passado sombrio. Sua infância foi marcada por atos violentos, incluindo o assassinato de sua avó, tentativas de matar sua própria mãe e, mais tarde, o assassinato de um professor e de uma órfã no orfanato onde foi enviado após a prisão de seu pai por matar sua mãe. Foi no orfanato que Kasady desenvolveu sua filosofia niilista, acreditando que a vida era fútil e sem sentido, e que as leis eram insignificantes diante de sua vontade de causar caos aleatório. Após atingir a maioridade, Kasady tornou-se um serial killer, sendo eventualmente capturado e condenado por 11 assassinatos, embora ele mesmo se gabasse de ter cometido muitos mais.
A transformação em Carnificina ocorreu na prisão da Ilha Ryker, onde Kasady dividiu cela com Eddie Brock, que havia perdido o simbionte Venom. Quando Venom invadiu a prisão para libertar Brock, ele inadvertidamente deixou para trás uma pequena porção de si — um “filho” — que se reproduziu assexuadamente. Essa “sementinha” do simbionte encontrou seu caminho para a corrente sanguínea de Cletus Kasady através de um ferimento, transformando-o no mortal Carnificina. Livre, ele iniciou uma nova onda de assassinatos, deixando sua assinatura com o nome “Carnificina” escrito em sangue nas paredes. Sua força era tamanha que o Homem-Aranha inicialmente não foi páreo para ele, forçando o Teioso a fazer uma trégua com Venom para combater o inimigo em comum.
A personalidade de Cletus Kasady é amplamente inspirada no Coringa, o icônico vilão da DC Comics. O co-criador de Kasady, Erik Larsen, admitiu ter se baseado no Príncipe Palhaço do Crime para desenvolver o personagem, dada a similaridade entre ambos em encontrar prazer na matança e a total ausência de moralidade. Curiosamente, o personagem quase foi chamado de “Caos” ou “Devastação” antes de se estabelecer em “Carnificina”.
Inicialmente, Carnificina foi concebido para ser uma versão mais sombria de Venom e até mesmo para substituí-lo após uma suposta morte de Eddie Brock. No entanto, a imensa popularidade de Brock e Venom fez com que a Marvel impedisse a morte do personagem, levando à criação de Carnificina como uma alternativa: uma versão psicopática de Venom, desprovida de moralidade. Embora nunca tenha substituído Venom ou alcançado o mesmo nível de popularidade, Carnificina foi um sucesso instantâneo, desafiando o Homem-Aranha de maneiras inéditas.
Ao longo dos anos, Carnificina protagonizou momentos memoráveis e chocantes. Após uma de suas derrotas, Cletus Kasady foi visitado por Venom no Centro Correcional de Manhattan, onde Venom arrancou e começou a devorar o simbionte de Carnificina, um ato que cimentou a rivalidade duradoura entre os dois. Contudo, Carnificina não seria permanentemente derrotado.
O simbionte havia sofrido uma mutação, conectando-se ao sangue de Cletus, permitindo seu retorno e o desencadeamento da famosa história “Carnificina Total”. Nesta saga, Carnificina escapou do Instituto Ravencroft, libertou criminosos insanos como Shriek, e formou uma bizarra “família” de vilões, incluindo Duende Demoníaco, Carniça e Contraparte-Aranha, causando caos e matança em Nova York. Para detê-los, o Homem-Aranha precisou formar sua própria equipe com Manto e Adaga, Venom, Flama, Gata Negra e Capitão América.
Outros eventos notáveis incluem a vez em que o simbionte Carnificina dominou Ben Reilly, o clone do Homem-Aranha, transformando-o no “Carnificina-Aranha”. Ben lutou para manter o controle antes que o simbionte retornasse a Cletus. Houve também a impressionante transformação em “Carnificina Cósmico”, quando o simbionte se uniu ao Surfista Prateado. Mesmo lutando contra a mente do Surfista, que mostrou empatia e compaixão pelas imagens da infância perturbada de Kasady, o simbionte acabou retornando a Cletus, embora envolto em uma “concha inquebrável de energia etérea” pelo Surfista.
Ainda mais surpreendente foi o evento da saga “Eixo” de 2014, onde Carnificina, o mal encarnado que nunca demonstrou interesse em agir pelo bem, tornou-se um herói. Após a alteração da moralidade de heróis e vilões pelo Doutor Destino e Feiticeira Escarlate, Carnificina enfrentou os Vingadores e os X-Men Malignos ao lado do Homem-Aranha e Steve Rogers, chegando a sacrificar sua vida para conter uma explosão. O Homem-Aranha descreveu esse momento como o pior homem que ele conheceu realizando o ato mais nobre que ele já viu.
Por fim, Carnificina fez parte de um célebre crossover com o Batman em 1995, uma época em que encontros entre personagens Marvel e DC eram mais comuns. Homem-Aranha e Batman foram forçados a unir forças contra seus vilões mais mortais, Carnificina e Coringa, que também haviam se aliado. A incapacidade dos dois assassinos de trabalhar juntos, dada a relutância histórica do Coringa em parcerias, acabou sendo uma bênção, pois se tivessem coordenado seus planos, o número de vítimas inocentes seria incalculável. Essa história é lembrada não apenas pelo crossover, mas também pela controvérsia de mostrar Batman derrotando Carnificina com relativa facilidade, um vilão que frequentemente exigia os esforços conjuntos do Homem-Aranha e Venom.
Fonte: O Vício
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