CRÍTICA | ÀS VEZES EU QUERO SUMIR
A harmonia da perfeição é a técnica obscura do filme com Daisy Ridley que debate a depressão.
O filme possui uma relação muito interessante com a anatomia perfeita de suas composições cenográficas, que oscilam entre o estado confinado da protagonista e as composições contemplativas dos cenários e sonhos que ela idealiza.
A história acompanha Fran, interpretada por Daisy Ridley, que segue a personagem em um ambiente de trabalho, onde precisa conviver com pessoas alegres e carismáticas. O grande problema de Fran é a sua timidez.
No meio disso, o filme apresenta sonhos estranhos da personagem, onde há sempre uma alegoria relacionada à morte. A correlação entre essa timidez e a dificuldade de conhecer as pessoas com esses sonhos produz uma soturna impressão depressiva da personagem.
Há uma organização rigorosa nas cenas que captam Fran, tanto em suas próprias resoluções íntimas quanto em sua tentativa social de se manter ativa, o que acontece quando ela conhece Robert (Dave Merheje), com quem se relaciona. Tal rigor serve para mascarar o caos interno implícito, guiando a narrativa por um olhar mais interpretativo.
O ritmo acaba se rendendo a essa harmonia de perfeccionismo mascarado, que sugere a própria essência da depressão e a sensação de vazio quase mortal. O ritmo é lento e calculado para atender à timidez enraizada de Fran.
No entanto, o filme não evita vícios infrutíferos, que superficializam uma reflexão que poderia ser ainda mais profunda. Consciente ou não, isso transforma a narrativa em uma espécie de determinação lúdica mais simplória para se adequar a uma estética de filme de festival.
Às Vezes Quero Sumir é uma história de caos mascarado pelo rigor estético e contemplativo, que não evita ilustrações superficiais, mas que tem ótimos momentos.
NOTA FINAL
3
★ ★ ★
Autor: Flávio Júnior
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