CRÍTICA; JURASSIC WORLD: RECOMEÇO
“Jurassic World: Recomeço” chega com a ambição de resgatar a essência dos clássicos da franquia, evocando o fascínio do primeiro Jurassic Park e prometendo um retorno ao suspense mais aterrorizante dos livros de Michael Crichton. A promessa é boa – mas o resultado, infelizmente, não acompanha.

Dirigido por Gareth Edwards (Godzilla, 2014), o longa até se inspira na nostalgia e visualmente, é lindo. Os efeitos visuais são caprichados, os dinossauros continuam impressionantes e a direção de arte remete bem aquela sensação diante da natureza, com destaque para a cena do Mosassauro, que é impressionante. No entanto, todo esse visual deslumbrante de algumas cenas é sabotado por um roteiro frouxo, que parece escrito à base de fórmulas desgastadas e medo de ousar.

O filme é muito covarde em alguns momentos e peca demais nisso. Os personagens de Scarlett Johansson e Mahershala Ali passam de raspão no “queridometro” do carisma e empatia, mas são os únicos. Até o personagem do Jonathan Bailey é chato aqui. Trazer a ideia de que: “as pessoas não se interessam mais por dinossauros” e tentar resgatar isso durante o filme, é muito interessante, a questão é que o roteiro não se aprofunda ou explora isso.

A tentativa de inserir uma camada de terror soa mais como um aceno tímido do que uma decisão narrativa corajosa. O filme flerta com o suspense, mas nunca mergulha nele de fato como algo novo na franquia. O texto evita questões mais profundas e falha ao entregar momentos cruciais com a intensidade que se espera, economizando nas tensões e “guardando” o que tem de melhor para um clímax bem mal aproveitado. O que deveria ser catártico, acaba parecendo apressado e sem peso dramático. Por exemplo, o tão aguardado D-rex, utilizado como o grande antagonista nos trailers e divulgações, só vem a aparecer no final do filme e de forma mal aproveitada.

Outro momento que estava sendo bastante comentado antes da estreia do longa, era a tal cena do bote, inspirada em uma cena memorável do livro. A cena, como a maioria dos outros momentos de ação envolvendo os dinossauros, até começa interessante, como naquele momento previamente divulgado em que o t-rex está dormindo, acorda e some de trás do bote quando ele enche. Essa cena é um primor, mas depois, ela vai se tornando tão morna e sem sal que chega a dar preguiça de ver. E quando ela acaba, o único sentimento que surge é frustração.

Os personagens, por sua vez, são rasos, mal desenvolvidos e carregam diálogos chatos, recheados de frases de efeito que tentam, sem sucesso, soar memoráveis. O resultado é um elenco que mais atrapalha do que sustenta a narrativa, tornando difícil qualquer envolvimento emocional real. As motivações são genéricas, os arcos são previsíveis e o carisma então…quase inexistente. Houveram momentos em que se percebia que era uma cena para o público rir, porém não houve nem um arzinho sendo soltado pelo nariz, o que, em alguns momentos, até dá vergonha.

Uma das coisas que mais incomodou no filme foi o núcleo da família. O que foi aquilo? O grupo é formado por um pai sem noção que não sabe o que está fazendo, uma filha mais velha irresponsável, o namorado folgado dela e a filha mais nova que passa o filme todo praticamente quieta. E o filme quer que você sinta empatia por algum deles enquanto na verdade, a esperança era que pelo menos um deles fosse engolido por um t-rex. Seria interessante se esses personagens movimentassem a história de alguma maneira, mas a verdade é que sem eles, a trama do filme seguiria da mesma forma.

Por fim, “Jurassic World: Recomeço” é um blockbuster bonito de ver, mas vazio de se sentir. A direção chega a ser boa, mas o roteiro e a promessa de um “recomeço” se perdem em um amontoado de cenas covardes, com medo de romper com o velho e não sabendo trabalhar o novo. É um filme que prefere não arriscar – e, por isso, acaba sendo apenas mais um episódio esquecível de uma franquia que já foi revolucionária. Mostrando que talvez, os dinossauros deveriam permanecer extintos mesmo.
NOTA FINAL
2/5
★ ★
Autor: Enzo Impalá
Agradecemos a Universal Pictures pelo convite!
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