CRÍTICA: O CONTADOR 2
Nove anos depois de sua primeira incursão ao universo de Christian Wolff, o diretor Gavin O’Connor retorna com O Contador 2 — e leva consigo não apenas o protagonista Ben Affleck, mas também o roteirista Bill Dubuque, consolidando a base criativa por trás de uma das figuras mais enigmáticas do cinema de ação contemporâneo.

Desta vez, o cenário é ainda mais sombrio. O assassinato do ex-supervisor da agente Marybeth Medina (Cynthia Addai-Robinson) é o estopim de uma investigação que se desdobra em direções imprevisíveis. Sem respostas claras e rodeada por ameaças invisíveis, Medina recorre à única pessoa em quem pode confiar — ou, pelo menos, contar: Christian Wolff. A partir daí, o enredo nos conduz a uma teia que conecta tráfico humano, assassinos profissionais e até uma estranha teoria sobre reprogramação cerebral via trauma. Sim, parece exagerado. E talvez seja. Mas funciona — em boa parte — graças à entrega visceral do elenco e à condução segura de O’Connor.

Bem Affleck, aliás, nunca esteve tão confortável em cena. Seu protagonista mantém o mesmo estoicismo metódico, mas agora carrega camadas mais evidentes de fragilidade e introspecção. Ao seu lado, Jon Bernthal repete a parceria explosiva como Brax, irmão de Christian, e reforça a química que já era promessa no filme anterior. A interação entre os dois é, sem dúvida, o coração pulsante desta sequência.
É curioso notar que, mesmo com uma trama que por vezes se embola em sua própria complexidade, o filme mantém o espectador engajado. Isso se deve, em parte, à escolha consciente de não depender do espetáculo visual como muleta. As cenas de ação são mais bem coreografadas do que no original, priorizando efeitos práticos e sequências de combate que não apenas entretêm, mas também servem à narrativa. Em um tempo em que o gênero parece refém da superficialidade de blockbusters enlatados por streaming, O Contador 2 se destaca por respeitar a inteligência de quem assiste.

Não é um filme que reinventa a roda — e talvez nem queira ser. Mas é um retorno digno a um personagem que ainda tem muito a oferecer, especialmente quando conduzido por mãos tão afiadas quanto as de O’Connor. Apresentado mundialmente no Festival South by Southwest, em março de 2025, o longa recebeu recepção calorosa da crítica e se prepara agora para encarar o desafio de igualar, ou superar, os 155 milhões de dólares arrecadados pelo primeiro filme.
NOTA FINAL
4/5
★ ★ ★ ★
Autor: Daniel Heleno
Agradecemos a Warner Bros pelo convite.
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