CRÍTICA: SUPERMAN
Em um mundo onde existem pessoas com superpoderes inimagináveis, um extraterrestre chamado Kal-El decide proteger a Terra e torná-la um lugar melhor para se viver, sob o manto do super-herói chamado de Superman.
Dirigido por James Gunn, da trilogia ‘Guardiões da Galáxia’ e de ‘Esquadrão Suicida (2021)’, o filme tinha a difícil missão de começar um novo universo cinematográfico de filmes para a DC, que vem de um histórico nada bom de filmes dos heróis cargo chefe da editora, principalmente falando do maior deles: o Superman.
O medo cobria as expectativas, que por sua vez já eram bem mistas dentro dos corações dos fãs do pioneiro dos super-heróis. ‘Superman’ carregava o peso de ser uma nova apresentação do personagem que trouxesse esperança e paz, tal qual o próprio personagem, para os fãs de quadrinhos e filmes de heróis. E no final, o que recebemos? Simples: O melhor filme do personagem, superando o clássico de 78 de Richard Donner, além de um dos melhores filmes de super-heróis de todos os tempos.

A alma do filme é carregada através dos personagens, principalmente o Superman, Lois Lane e o grande vilão Lex Luthor. O alienígena do planeta Krypton tem sua abordagem feita da forma mais humana possível, se preocupando além do ponto com a sua missão de proteger a Terra, mas não entendendo suas burocracias e regras que até para ele devem ser aplicadas. Superman consegue admitir que erra, mas com um discurso muito orgulhoso que é carregado de bondade e altruísmo.
Seu posto de um “símbolo da paz” imposto pela sociedade é mostrado claramente por suas ações: Sempre priorizando a vida de pessoas e animais, e perguntando tranquilamente se eles estão bem. Kal-El, apesar de estar na Terra a um tempo considerável, não entende como o simples ato de salvar vidas em perigo pode causar tantos problemas, principalmente envolvendo a política. Ele é puro, ingênuo, mas transmite simpatia e esperança que transcende a tela e atinge nossos corações, principalmente por causa da atuação excelente de David Corenswet. Entretanto, é notável que o filme acaba deixando o lado de Clark Kent, o álter ego humano de Kal-El, para escanteio. São pouquíssimas cenas em que vemos o jornalista desastrado do Planeta Diário tendo destaque.

Lois Lane (Rachel Brosnaha) tem aqui a sua encarnação mais perfeita também, sendo uma mulher que enfrente desafios e leva o jornalismo como foco da sua vida, mas também tem seu lado romântico que é inconsistente por causa da sua personalidade forte e do seu parceiro nada normal. Entretanto, quem realmente rouba a cena durante todo o filme é Nicholas Hoult, como Lex Luthor. Sua atuação transmite perfeitamente o que esse cientista sádico é: um homem movido pela inveja e ganância, sempre almejando o topo, mas que não perde a oportunidade de caçoar e humilhar aqueles que ele despreza das piores maneiras possíveis. Um sinônimo de ego que é estranhamente carismático e hipnotizante de ser visto em tela.

Desde o início da concepção do roteiro, vazamentos e confirmações de elenco, o filme já prometia estar recheado com diversos super-heróis, como o membro da Tropa dos Lanternas Verde Guy Gardner, e até outros vilões, como a Engenheira. Essa quantidade de personagens, considerada excessiva pela maioria, dava medo de que esse filme fosse uma confusão de personagens e núcleos sem fim, mas o que acontece é bem diferente disso. Todos os coadjuvantes, sejam heróis ou vilões, tem suas características e pontos chave da personalidade bem colocados, fazendo com que cada um tenha o seu papel, independente da hora em que acabam aparecendo. Um destaque principal vai para o Sr Incrível, que acaba recebendo um pouco mais de atenção do roteiro do que os demais, além de protagonizar a típica cena assinatura de James Gunn: Uma épica luta acompanhada de uma trilha sonora sensacional.

Falando nos núcleos do filme, sua divisão é bem consistente e a mudança entre eles é feita de forma bem uniforme. O filme sabe muito bem seu ritmo, alternando entre os personagens nas horas mais necessárias. Isso acaba colaborando para o ato final do filme, onde todos os núcleos chegam em um clímax fatal, mas que é visualmente e narrativamente bem conduzido, sem deixar o espectador perdido ou entediado por ter que parar de ver uma luta para ver um diálogo.

Antes de passar pelo fim, devemos ver o começo da aventura, que é contada de uma forma bem diferente do padrão. Ao estilo de Star Wars, o filme começa com uma sessão de textos explicando o contexto da Terra, da chegada de Kal-El e da sua batalha inicial do filme. Direto ao ponto, simples de entender e fácil de executar, dando a essa produção uma sensação mais aproximada dos quadrinhos. Pense que esse filme passa a experiência de como seria comprar um novo quadrinho do Superman, onde um contexto é apresentado no começo, sem necessidade de explicar com termos científicos ou se prendendo muito a lógica da vida real, mas que serve para que o leitor (nesse caso, espectador) entre de cabeça nas batalhas e relações dos personagens.

O CGI do filme é bem polido e maravilhoso em quase todos os aspectos, tendo seu destaque nas cenas de luta com grandes poderes e nas ótimas texturas para todos os diferentes tipos de poderes que vemos em tela, desde as criações do anel dos Lanternas Verde até os raios laser do Superman. Entretanto, o CGI (junto da edição do filme em geral) pecam em mostrar as cenas de voo do Superman, uma das principais características do personagem, de uma forma clara. Muitas dessas cenas acabam ficando estranhas, principalmente pela face do herói, que acaba ficando até vesgo.

A ação do filme é bem moderada, mas ao mesmo tempo empolgante e impactante, com todos os ataques tendo muito impacto, além de um significado importante por trás de cada embate, fazendo com que nenhuma briga aconteça por conveniência ou sem razão. Essa ação é muito potencializada pela trilha sonora, que leva como principal artifício para gerar emoção no espectador uma versão rearranjada do clássico tema de John Willians para o Superman de 1978. Ela funciona muito bem, trazendo nostalgia com um ar de renovação para essa nova fase do herói, porém o filme acaba pecando em criar algo 100% novo, até mesmo para seus coadjuvantes ou vilões.
Para finalizar, o filme possui 2 cenas pós-créditos simples, mas que ainda valem a pena serem vistas.
‘SUPERMAN’ consegue não só revitalizar a esperança do maior herói dos quadrinhos para as grandes telas, mas também é capaz de provar que é possível fazer filmes de heróis bem mais fantasiosos, lotados de personagens diferentes e carismáticos e com cenas de ação e brigas eletrizantes.
NOTA FINAL
5/5
★ ★ ★ ★ ★
Autor: Bruno Navarro
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