CRÍTICA; MAXXXINE
6 anos após sobreviver a um massacre no Texas, Maxine Minx tem sua grande chance em Hollywood. Enquanto isso, um misterioso assassino persegue jovens mulheres pelas ruas de Los Angeles, deixando um rastro de sangue e pistas sobre o passado de Maxine.
Em “MaXXXine” Ti West mais uma vez brinca com as convenções dos slashers e a forma como eles são capazes de revelar (e exorcizar) certas tensões sociais e falsos puritanismos.
Se “X” surgiu com um espelho da indústria underground nos anos 70 (tendo “O Massacre da Serra Elétrica” como de referência), aqui temos uma história em constante diálogo com os thrillers psicossexuais que lotavam as prateleiras das locadoras.
A continuação da jornada de Maxine Minx (Mia Goth) rumo ao estrelato oferece ótimos momentos de sangue e horror, além de promover um diálogo constante com seus dois predecessores.
É a culminação de três histórias que mesmo distintas ainda se conectam de forma coesa. A obsessão pelo status de celebridade e todo um espectro de ações amorais necessárias para se ter um lugar ao sol surge como um condutor narrativo.
Reencontramos Maxine 6 anos após o massacre no set do filme pornô “A Filha do Fazendeiro”. Ela agora vive em Los Angeles e parece ter uma carreira estável como atriz de filmes adultos e stripper. Quando ela finalmente consegue seu primeiro papel em um filme “de verdade”, a sequência de um polêmico terror, seus sonhos parecem ser ameaçados pelos seus segredos.
“MaXXXine” trás outra excelente performance de Goth. Não resta dúvidas de que Maxine/Goth são verdadeiros furacões em cena. Sua presença exerce um magnetismo irresistível. É impressionante como Goth consegue traduzir toda a melancolia encravada de Maxine, resultado de uma vida de trauma e rejeição, com olhares ou com uma mudança sutil no sotaque.
O belo elenco de coadjuvantes ajuda a fomentar os holofotes ainda mais acima da protagonista. Todos estão em papeis modestos e arquetípicos, mas que nunca caem na mera caricatura.
Kevin Bacon rende belas risadas como um investigador particular sem quaisquer escrúpulos. Já a personagem de Elizabeth Debicki, uma cineasta que busca legitimar sua arte aos olhos da indústria, ajuda a ampliar ainda mais a forma como o longa retrata Hollywood como um verdadeiro triturador de almas.
“MaXXXine” é um filme bem maior e mais extravagante que seus antecessores. A fotografia de Eliot Rockett é deslumbrante. Valorizando o belíssimo trabalho de recriação de época. É um filme que explora com gosto a geografia da cidade, seja nos pontos mais icônicos até as vielas sombrias. O estilo aqui é bastante marcado e toma o centro das atenções, mas Ti West evita cair no mero pastiche.
Essa artificialidade atua em prol de uma trama que fala sobre esse paradoxo de uma cidade de faz-de-contas, aonde ruas reais se confundem com sets de filmagem.
O mistério em si pode até não ser tão interessante. Basta ter assistido “X” para conseguir decifrar ou prever o desenrolar nesse aspecto.
Mas no fim não isso não é algo que conta como um demérito muito grande pois só atesta a força da personagem Maxine como o centro da história. Nada se torna banal quando vemos o mundo sob as lentas dela.
“MaXXXine” é uma verdadeira festa do horror aonde todos os convidados trazem um brilho bastante particular. Funciona como um belo capitulo final (?) na jornada de uma personagem inesquecível. Ti West e Mia Goth conseguiram criar uma das melhores trilogias de horror dos últimos anos.
É um slasher que floresce através da exploração do trauma de uma final girl inabalável e também como uma carta de amor aos profissionais do audiovisual que lutam para sobreviver trabalhando naquilo que nasceram para fazer.
O longa estreia no dia 11 de julho nos cinemas, mas em alguns lugares já é possível assistir a partir de hoje (04).
NOTA FINAL
4,5/5
★ ★ ★ ★
Autor: Raphael Aguiar
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