O novo longa de Caroline Fiorante (conhecida pelo premiado Sob as Águas do Asfalto) é um drama intenso, daqueles que te deixam com um misto de sentimentos ao sair da sala de cinema, fazendo com que você fique horas refletindo sobre o filme.
Confira nossas outras críticas:
- Enola Holmes 3 | Netflix escolhe diretor para o novo filme
- Pânico: Isabel May perto de estrelar o próximo longa da franquia
- CRÍTICA: HEREGE
A história gira em torno da morte de Virgínia no seu aniversário de 17 anos, e a narrativa vai e volta no tempo, mostrando a vida de adolescentes de um abastado condomínio em São Paulo. Eles vivem como zumbis, presos às projeções que suas famílias desejam. Drogas, bebida, sexo – tudo é proibido, mas, ao mesmo tempo, todos têm fácil acesso a tudo. São as “crianças” que tudo podem, e nada acontece. Mesmo explodir câmeras de vigilância não traz maiores consequências, além da família arcar com o prejuízo.
Nesse contexto, a festa de aniversário serve como catarse para esses jovens, que são interpretados de forma muito boa e cativante. Naquela fatídica noite, suas vidas são viradas de cabeça para baixo. O filme é muito bem escrito e dirigido, com uma fotografia fria e bela. Até nas luzes coloridas da festa, os tons frios se destacam.
O longa foi muito bem recebido nos festivais de cinema por onde passou, especialmente no Festival de SSXW e a 47ª Mostra de Cinema de São Paulo. A atuação da Maria Luísa Mendonça (Onde Nascem os Fortes) está simplesmente magnífica.
Ela faz o papel da mãe da jovem aniversariante, interpretada pela talentosa Bella Piero (O Outro Lado do Paraíso). Michel Joelsas (O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias), como o namorado; Daniel Botelho (Bacurau), como o amigo esquisito; e Mari Oliveira (Malhação: Viva a Diferença), como a melhor amiga, completam o primoroso elenco principal.
‘Meu Casulo de Drywall‘ só peca pelo título nada comercial, que pode afastar muita gente dessa obra crítica à geração atual e seus pais ausentes.
O filme aborda tantos temas que é mais fácil sintetizar dizendo que trata de saúde mental, mas ele vai muito além disso. E o final, bem, sem dar spoilers, o desfecho é uma triste metáfora de quão desconectados estão esses adolescentes que vivem no topo da cadeia alimentar da sociedade paulistana.
NOTA FINAL
5/5
★ ★ ★ ★ ★
Autor: Daniel Castilhos
(Diretor e roteirista).
Agradecemos a Aurora Filmes pelo convite.